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Mostrando postagens de junho 5, 2011

Matéria escura confirmada... talvez

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Para quem gosta de debater filosofia da ciência em botequim, a matéria escura representa um prato cheio: suja existência foi sugerida, originalmente, para dar conta de uma discrepância em observações astronômicas: basicamente, as equações da física previam que, girando na velocidade que estavam, as galáxias que vemos aqui da Terra deveriam se despedaçar, como uma massa de pizza girando no dedo de um pizzaiolo louco. A gravidade das estrelas observadas simplesmente não era suficiente para manter as galáxias coesas, como a viscosidade da massa de pizza terrestre não seria páreo para um pizzaiolo kryptoniano. Postulou-se, então, que o que mantém as galáxias coesas é uma massa não observada . Mas essa matéria não poderia estar sob a forma de poeira, planetas e outros astros que não emitem luz? Cálculos cuidadosos a respeito da abundância dos átomos criados no Big Bang mostraram que não, essa matéria escura não podia ser feita do mesmo material que eu, você, a Lua ou o planeta Saturno.

A ciência do suborno

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Na pré-história de minha carreira jornalística, certa vez atendi a uma denúncia anônima: alguém ligara ao jornal à noite dizendo que, naquele instante, uma secretaria inteira da prefeitura -- acho que a de Finanças -- estava jantando de graça num restaurante chique, por conta de uma empreiteira. Bandeei-me, acompanhado de uma fotógrafa, lá para o restaurante e, de fato, encontrei não só o secretário, como boa parte do segundo escalão comendo, felizes, junto a representantes da empresa. Com a ousadia da juventude, perguntei ao secretário, um notório casca-grossa da política interiorana, se ele achava conveniente aquela situação. Ele me deu uma resposta surpreendentemente educada: "Isto aqui é pouca coisa. Não paga nenhum tipo de corrupção". Inexperiente, perdi a oportunidade de perguntar qual era, então, a tabela oficial. O gerente do restaurante depois ligou para o dono do jornal pra reclamar da minha "impertinência", mas ninguém nunca me repreendeu formalment

Correlação = causação, num comercial de cerveja

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Óquei, esta postagem foi descaradamente kibada do blog Improbable Research , mas não pude resistir:

Super-duper-ultra-mega explosão no Sol!

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Calma, gente, o mundo não vai acabar. Mas nesta manhã, o Sol emitiu uma labareda que foi capturada em vídeo de forma espetacular. O vídeo acima traz uma explicação (em inglês, sorry) do fenômeno e o abaixo, uma visão em close-up. O material foi divulgado originalmente no blog Geeked at Goddard , e depois pelo Universe Today .

Vamos estudar a Bíblia?

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Foi tão traumático que me lembro disso até hoje: a única vez, no meu tempo de estudante da USP, em que uma jovem bonita e desconhecida tomou a iniciativa de puxar conversa comigo foi para me convidar para um grupo de estudo bíblico. Em minha defesa, digo que resisti bravamente. Não que a Bíblia não possa ser um objeto de estudo fascinante -- como, por exemplo, a Ilíada ou o Épico de Gilgamesh . O problema é que, quando o livro é abordado com um viés religioso, o resultado é um raciocínio circular: cada leitor encontra lá exatamente o que já trazia consigo, ou seja, seu próprio sabor peculiar de cristianismo.  Isso não significa, no entanto, que não existam estudos sobre a Bíblia que se valem das mesmas ferramentas filológicas, históricas e arqueológicas a que outros grandes textos da Antiguidade são submetidos. Só o que significa é que esses estudos têm muito pouca divulgação. Por exemplo, desde o século XVIII que estudiosos reconhecem que os Evangelhos de Mateus e Lucas são exp

Santo Cristal de Dilítio, capitão!

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Temo que os puristas da cultura pop torçam o nariz para o título desta postagem, que mistura dois seriados igualmente populares da década de 60, mas foi inevitável: cientistas anunciam, na revista Nature Physics , terem conseguido manter átomos de antimatéria "vivos" por 1.000 segundos. Isso dá 16,666... minutos, se alguém quiser fazer a conta. (Aliás, uma dica sobre administração de tempo: 15 minutos são aproximadamente 1% do dia. Pense nisso da próxima vez que alguém lhe pedir para esperar "só uns 15 minutinhos"). Como todo leitor de Marvel, DC ou Dan Brown sabe, partículas de antimatéria aniquilam-se ao entrar em contato com a matéria comum. Isso torna extremamente difícil estudar a antimatéria, que acaba sendo uma versão concreta do paradoxo do solvente universal dos alquimistas: se esse negócio dissolve tudo, em que vasilhame vamos guardá-lo? No caso da antimatéria, pesquisadores costumam usar armadilhas magnéticas -- campos magnéticos que confinam as par