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Mostrando postagens de maio 21, 2017

Debates científicos: quanto é o bastante?

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Um cacoete bastante comum no mundo das pseudociências é o apelo à prova final que está logo ali na esquina -- mais um experimento, mais uma bolsa do CNPq, mais uma análise estatística e o mundo cairá aos nossos pés (ou, melhor dizendo, aos pés lá deles). Se ao menos esses céticos pentelhos não ficassem sabotando... Duas variações populares do tema são a da conversão iminente -- já temos provas suficientes e o consenso da comunidade científica está prestes a se transformar, espere só mais um bocadinho -- e a da novidade redentora : vocês vão ver como, daqui a pouco, a física quântica (ou a teoria do caos, ou a lógica paraconsistente, ou qualquer que seja o novo craque em campo) vai provar que nosso Mestre estava certo o tempo todo! Não há nada de essencialmente errado nesse tipo de alegação, é bom reconhecer. Às vezes acontece de aparecer um visionário anunciando uma revolução científica iminente e, pimba!, a revolução vem. O problema é: quanto tempo é o bastante? Qual a hora

Vacinas, terapias e verdades alternativas

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Poucas leituras me foram mais penosas que a do primeiro capítulo do livro The Panic Virus , uma história do movimento antivacinação nos Estados Unidos e seu terrível impacto sobre a saúde pública.  O relato abre com a história de uma criança de três anos que morreu porque seus pais se recusaram a vaciná-la -- e de outras duas, de poucos meses de idade, que morreram porque os filhos dos vizinhos não tinham sido vacinados, o que as privou do benefício da chamada "imunidade de manada", que existe quando uma proporção suficientemente grande da população tomou vacina e, com isso, cria uma barreira que impede a chegada da doença a crianças que são novas, ou frágeis, demais para receber a imunização. Esses relatos arrepiantes sempre me vêm á mente quando leio algo sobre os avanços do movimento antivacinação no Brasil, mais uma moda lamentável importada dos EUA, a exemplo do movimento do design inteligente . Neste domingo, o jornal O Estado de S. Paulo traz uma reportagem so