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Mostrando postagens de junho 23, 2013

Reforma política: palpite do Nobel

Já que se está falando tanto em mudança no sistema de eleição parlamentar no Brasil, acho que vale a pena compartilhar o que ouvi, lá nos idos de 2010, do ganhador do Prêmio Nobel de Economia de 2007 Roger Myerson, que estava fazendo um estudo sobre, exatamente, o sistema eleitoral brasileiro (a área de especialização de Myerson é teoria dos jogos). De acordo com ele, o sistema brasileiro de voto proporcional com lista aberta -- onde os votos são, primeiro, do partido e, só aí, preenchidos pelos candidatos, de acordo com a escolha popular -- é o "segundo pior possível", porque, primeiro, divorcia o eleitor do eleito: seu voto pode acabar pondo no Parlamento alguém em quem você jamais votaria. Segundo, porque induz o candidato a buscar "clientelas", ou rebanhos de votantes cativos -- o que leva à formação de coisas como bancada evangélica, bancada ruralista, etc. O "primeiro sistema pior possível", de acordo com Myerson, seria o de eleição proporcional

Teorias da conspiração

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A reportagem de capa da Galileu de julho é de minha lavra (ainda se usa isso, "minha lavra"?), e trata de teorias da conspiração. Além de apresentar e explicar dez das teorias mais populares no mundo atual -- dos reptoides de David Icke ao Climategate -- também discuto um pouco da psicologia por trás das formulações conspiratórias e, algo especialmente relevante no Brasil atual, dos efeitos sociais que essas teorias têm quando ganham livre curso na sociedade. Teorias da conspiração são daninhas porque corroem as ferramentas fundamentais da democracia, que são a negociação e o diálogo. Se o "outro" é um conspirador, então nada do que ele diz é verdade e suas intenções não são realmente as que ele apresenta: a única forma de lidar com ele é pelo confronto. Ao eliminar a possibilidade  de discordância honesta, a visão conspiratória divide os adversários em inimigos e inocentes úteis, com quem não tem conversa respeitosa, mas apenas ódio (para os primeiros) e des

Mestre Richard Matheson, lenda

Richard Matheson, que morreu no fim de semana, é, dependendo do tipo de relação que se mantém com o mundo da ficção científica literária, do cinema e da televisão, ou o escritor mais importante de quem você nunca ouviu falar, ou uma lenda, uma assombração. No primeiro caso, você é apenas um consumidor eventual desse tipo de coisa -- alguém que lê um trabalho aqui, outro acolá, acompanha esta série ou aquela outra, este ou aquele filme, sem muito interesse. Se é assim, talvez não saiba que praticamente todas as ideias legais que nos últimos 50 anos viraram clichês, da ocupação da Terra por mortos-vivos à visita de casas mal-assombradas por caçadores de fantasmas high-tech nasceram em obras de Richard Matheson. Ao lado de HP Lovecraft, Matheson é o grande arquiteto do inconsciente coletivo da narrativa pop norte-americana (e, por extensão, mundial). No segundo caso, você é alguém que tem um interesse mais profundo por essas coisas -- séries de TV, filmes, livros de aventura, vampiros

Picareta lançada!

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Acabo de voltar do Rio de Janeiro (a foto acima foi tirada da janela do quarto do hotel), onde participei do evento de lançamento do livro Pura Picaretagem , escrito em parceria com o físico Daniel Bezerra . Visitar o Rio é sempre um prazer, ainda mais podendo contar com a hospitalidade do amigo e colega escritor de ficção-científica Gerson Lodi-Ribeiro e sua mulher, Cláudia; e da conversa sempre estimulante de Octavio Aragão, a cabeça por trás de alguns dos projetos mais instigantes do quadrinho nacional . Além da companhia e da boa conversa de vários amigos com quem praticamente só tenho contato via internet. Como eu e minha mulher, Renata , ficamos hospedados no Leblon, as manifestações que sacudiram a cidade não nos afetaram muito -- mas o suficiente, por exemplo, para que um taxista se recusasse a levar a Renata até o hotel, no início da noite de sábado, deixando-a meio perdida em meio aos manifestantes que cercavam a morada do governador Sérgio Cabral. Saber que a manif