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Mostrando postagens de 2016

Destaques do ano

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Acho que já comentei em outras oportunidades que sou péssimo para fazer listas de melhores do ano -- basicamente, leio muito poucos lançamentos, então quase nunca tenho algo do ano corrente para recomendar a quem quer que seja. Mas se você não fizer questão de lançamentos e quiser, em vez disso, saber quais os livros que mais me impressionaram neste ano -- não importa se foram publicados originalmente em 2016, 2001 ou mesmo neste século -- aqui vão as dicas. Selecionei um de ficção, um de não-ficção e uma HQ. Começando pela ficção: Hoje em dia, o cool é recomendar romances, o que faz com que antologias e coletâneas de contos acabam subestimadas e subrepresentadas na maioria das listas. Mas não dá pra deixar de apontar este volume pantagruélico, editado por Otto Penzler (o dono da Mysterious Bookshop, uma simpátrica livraria de Nova York especializada em edições raras de livros policiais), como uma das coisas mais deliciosas já publicadas desde, sei lá, a Bíblia de Gutenberg.

"Livro da Astrologia" entre os memoráveis de 2016

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A Amazon.com.br pôs no ar nesta segunda-feira um catálogo dos e-books considerados "memoráveis" em 2016, e o meu humilde Livro da Astrologia está lá, mesmo tendo sido lançado em dezembro de 2015. Não sei exatamente qual o critério usado pela loja para decidir quem é ou não memorável -- a relação completa tem mais de mil títulos, incluindo as obras completas de Sigmund Freud e Nosso Lar -- mas, enfim, o livrinho esteve, em vários momentos, em primeiro lugar entre os mais vendidos da categoria  (a saber, "religião, espiritualidade, new age , astrologia"), o que não deixa de ser irônico para uma obra de viés cético. E agora, o mais importante: o fato de o livro estar entre os memoráveis faz com que ele receba um desconto no preço. Até o dia sete de janeiro, quem comprar o e-book de O Livro da Astrologia paga só metade do preço, bastando para isso digitar o código promocional MEMORAVEL na hora do pagamento. O link da promoção é este aqui . Para finalizar: se voc

Cuidado com o Natal reptiliano

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Em anos anteriores, me acostumei a publicar aqui no blog, sempre nesta época do ano, uma postagem sobre algum aspecto do mito cristão, sua relação com as festas pagãs do solstício e as tradições que se articulam em torno desses dois focos. Ano passado cheguei a questionar a salubridade do mito de Papai Noel , talvez uma das maiores heresias possíveis no mundo moderno. Confesso que para este ano já estava me sentindo meio sem assunto -- das contradições da narrativa da natividade  à verdadeira natureza da Estrela de Belém , praticamente tudo já foi pisado e repisado -- mas aí me toquei que não havia motivo para me prender aos relatos canônicos. Por que não falar um pouco dos fanfics? E, já que o blog anda tratando, com uma certa assiduidade, das narrativas sobre deuses astronautas , por que não incluir mais uma divindade na lista dos ETs disfarçados de mito? Acho que ninguém vai ficar surpreso em saber que já existe uma vasta literatura discutindo e defendendo a ideia de que Jesus

Para quem você está falando?

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É mais fácil sensibilizar pessoas de ideologia conservadora para os riscos da mudança climática apontando diferenças entre o presente e o passado do que apelando para o futuro, diz um conjunto de seis experimentos consolidados em um artigo publicado no periódico PNAS .  As pesquisas foram realizadas online e envolveram 1,6 mil respondentes, que leram textos sobre mudança climática com foco no passado ou no presente, além de textos-controle sobre outros assuntos. Também foram usadas imagens que poderiam refletir mudanças na paisagem que já aconteceram ou simulações de alterações previstas. “Comparações com o passado eliminam grande parte da divisão política que separava as atitudes dos respondentes liberais e conservadores em relação à, e o comportamento para com, a mudança climática”, escrevem os autores, dos Estados Unidos e Alemanha: as conclusões do "paper" apontam que o apelo ao passado permite cobrir "lacuna política" entre liberais e conservadore

Espíritos e ETs

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Pouco lembrada hoje em dia, a médium francesa, de origem húngara, Catherine-Elise Müller (1861-1929) ficou famosa no início do século 20, sob o pseudônimo de Hélène Smith, por conta de sua comunicação espiritual com o planeta Marte, onde encontrou almas transmigradas da Terra vivendo românticas aventuras. Müller/Smith chegou a psicografar um alfabeto marciano completo, que reproduzo abaixo, a partir do livro Error and Eccentricity in Human Belief , de Joseph Jastrow: O estudo clássico do fenômeno Hélène Smith foi realizado pelo psicólogo suíço Théodore Flournoy, uma figura que chegou a influenciar o pensamento de C.G. Jung. Flournoy demonstrou que a "língua marciana" psicografada tinha a mesma estrutura do francês, e atribuiu os transes marcianos da médium a uma mistura de imaginação e criptomnésia -- o fenômeno que ocorre quando demonstramos ter um conhecimento mas não nos lembramos de onde ou como o adquirimos. Quando Flournoy publicou seu livro sobre Smith, Da Índia

Princípios darwinianos inspiram algoritmos

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Mecanismos que atuam na evolução por seleção natural dos seres vivos podem ajudar a descobrir soluções para problemas de diversos tipos, incluindo questões sobre a estrutura de redes de telecomunicação e, até, um problema eminentemente econômico: como otimizar o resultado de um leilão de concessão pública. É o que mostra a tese de doutorado “Algoritmos evolutivos para alguns problemas em telecomunicações” , defendida por Carlos Eduardo de Andrade no Instituto de Computação (IC) da Unicamp, e orientada pelo professor Flávio Keidi Miyazawa, do mesmo instituto, e Mauricio G. C. Resende, do Departamento de Planejamento e Otimização Matemática, da Amazon.com, nos Estados Unidos. “Um algoritmo evolutivo é um método de resolução de problemas inspirado nos princípios darwinianos de evolução”, disse Andrade. “Em geral, um algoritmo evolutivo utiliza, como metáforas, os mecanismos biológicos de reprodução, mutação, recombinação e seleção natural através da aptidão. Tais mecanismos são simulado

Estudando sob estresse

Que pessoas submetidas a situações de estresse – como provas decisivas – tendem a ter mais dificuldade em lembrar informação decorada, todo vestibulando sabe. Mas uma pesquisa publicada na revista Science sugere que uma técnica especial de estudo facilita a rememoração, mesmo em condições estressantes: depois de estudar um assunto, esforçar-se em relembrar os pontos vistos, mas em princípio sem rever ou reler material original. O trabalho, de autoria de pesquisadores da Universidade Tufts, em Boston (EUA), comparou o desempenho, sob estresse, de voluntários que se dispuseram a tentar decorar listas de palavras e imagens por meio de uma estratégia comum – relendo-as ou revendo-as seguidas vezes – ou pelo método de “treino de memória”, esforçando-se para lembrar o conteúdo, numa espécie de sequência de testes simulados. O segundo grupo se saiu melhor. “Participantes que aprenderam por estudo repetido demonstraram o típico prejuízo causado na memória pelo estresse”, diz o artigo. “Já os

E o jornalismo que era bom virou marketing ruim

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O caderno  Fovest , da Folha de S. Paulo , publicou matéria neste domingo sobre os hábitos de consumo de informação dos vestibulandos mais bem-sucedidos no exame mais concorrido do Brasil, a Fuvest, que seleciona estudantes para a Universidade de São Paulo (USP), não só geralmente considerada a melhor do país como a que aparece, na maioria dos rankings internacionais, de modo consistente, com a primeira ou segunda melhor da América Latina, e também para a Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa. O produto final, tal como editado e publicado, representa uma das mais desesperadas tentativas de transformar limão em limonada e maquiar o virtual desaparecimento da mídia impressa do radar de relevância da juventude jamais vistas. Sério, é de dar pena. Olhando o modo como os dados foram apresentados, é difícil decidir qual o alvo da manobra de marketing -- se o veículo, afinal, esconde a verdade de seus leitores ou de si mesmo. Aos números. Eles mostram que maioria esmagadora dos cand

Racionalidade é dever moral?

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Ética da Crença é o título de um ensaio escrito no século 19 pelo filósofo e matemático britânico  William Clifford , em que ele afirma que "é errado, sempre e em qualquer lugar, acreditar em alguma coisa com base em evidência insuficiente". Um dos pontos centrais do argumento de Clifford era a parábola (por assim dizer) do barqueiro devoto: um homem que acredita, com tamanha fé, que Deus protege seu barco que se recusa a realizar os trabalhos mínimos de manutenção (afinal, o que é o talento de um mero barqueiro diante da mão protetora da Onipotência?). Mas um belo dia o barco afunda, matando todos a bordo. O senso-comum  diria que a culpa foi da negligência do barqueiro, mas Clifford insiste que a culpa foi da crença : o barqueiro acreditava, do fundo do coração, que Deus protegia seu barco, e sua negligência foia penas uma consequência lógica disso. Ele só foi negligente porque foi coerente com sua fé. A tragédia foi o fim inevitável de uma cadeia lógica iniciada pela

Congelado para o futuro: round 2016

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"Criônica" é o nome dado à tecnologia/crença/negócio de congelar corpos humanos inteiros, ou pelo menos o cérebro, com vistas à ressuscitação futura. Como dispositivo de enredo em obras de ficção, o tema já foi usado em praticamente todo tipo de história, mas também há empresas que oferecem serviços criônicos atuando no mundo real (dado o estado atual da tecnologia e as regras de proteção ao consumidor, elas não podem prometer ressuscitação, assim, com todas as letras, mas apenas vender o "serviço de custódia" do cadáver congelado). Já tratei desse assunto em outras oportunidades, mas dois artigos publicados no fim da semana passada me convenceram a voltar a ele. O primeiro é do site The Engineer , sobre o caso de uma menina britânica de 14 anos que ganhou, na Justiça, o direito de ser congelada após a morte. De acordo com a notícia (que, por algum motivo, escapou aos ávidos caçadores de sensacionalismo da mídia nacional), "o veredicto veio pouco antes de

O tombo de Plutão

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Dois artigos na edição da última semana da revista Nature exploram explicações para características da Planície Sputnik, uma área gelada que compõe parte do “coração” branco fotografado na superfície de Plutão pela sonda New Horizons. A planície é formada por gelo de nitrogênio, metano e monóxido de carbono, com vários quilômetros de espessura. Um dos artigos, escrito em parceria por pesquisadores dos EUA e do Japão, nota que Sputnik está alinhada com o eixo que une Plutão a sua maior lua, Caronte, e propõe que essa localização pode ser explicada por um “rolamento” de Plutão – uma mudança de cerca de 60º no eixo do planeta-anão – causado pelo acúmulo da massa de gelo na planície ao longo do tempo. “A Planície Sputnik provavelmente formou-se ao noroeste de sua localização atual e foi carregada com materiais voláteis ao longo de milhões de anos”, diz o artigo. O segundo trabalho, de autoria de pesquisadores baseados nos Estados Unidos, conclui que a reorientação da Sputnik implica

Trump e a Nasa

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O presidente-eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, deve redirecionar os esforços da Nasa, enfatizando a exploração do espaço profundo e reduzindo o prestígio dos setores da agência voltados para o monitoramento do clima terrestre, dizem fontes da mídia especializada. As missões voltadas para ciências climáticas e geociências deverão ser transferidas para outro órgão federal, a Administração Nacional de Oceano e Atmosfera (NOAA). Durante o governo Obama, a divisão de Ciências da Terra da Nasa viu seu orçamento crescer, e lançou uma série de satélites para o acompanhamento de fenômenos como a elevação do nível dos mares. (Esta nota faz parte da Coluna Telescópio)

Astrologia, Atlântida e as pirâmides do Egito

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D. Pedro II no Egito, diante da Esfinge Dia desses, fazendo uma leitura meio diagonal da linha do tempo do Facebook, encontrei uma referência meio que de segunda mão a uma palestra sobre "o significado astrológico das pirâmides do Egito". Isso me deixou intrigado: a astrologia, inventada na Mesopotâmia, só chegou ao Egito após a conquista da Dádiva do Nilo por Alexandre, lá por volta de 332 AEC. O mais famoso monumento egípcio s retratar temas astrológicos, o zodíaco de Dendera (hoje preservado no Louvre) data do primeiro século antes da Era Comum. Já os monumentos de Gizé -- as três pirâmides principais e a Esfinge -- datam de cerca de 2.500 AEC. Seria curioso saber como a astrologia poderia ter influenciado a construção de monumentos egípcios mais de 2 mil anos antes de o povo egípcio ter contato com ela. No tempo das pirâmides, os egípcios sequer tinham constelações compatíveis com as do tradicional zodíaco astrológico. Claro, isso não quer dizer que não haja inf

Uma mentira de pernas longas

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Imagine uma fraude jornalística tão descarada que seu autor preferiu assinar o texto como "S. Ellmore", um trocadilho farsesco da expressão "sell more" -- "vende mais" -- no caso, mais exemplares do jornal onde a mentira foi publicada. Imagine que essa fraude descreve uma violação tão cabal das leis da física e do mero bom senso que todos os especialistas no assunto são unânimes em declarar que o evento relatado é impossível. Imagine, ainda, que o próprio autor da fraude acabe vindo a público parta oferecer um desmentido. Imagine agora que, a despeito disso tudo, o acontecimento descrito na fraude siga sendo considerado real por décadas, por multidões, por filósofos e cientistas, por pesquisadores e historiadores, que o desmentido que deveria ter posto fim a tudo seja desacreditado e que setores e líderes do povo citado -- falsamente -- como criador do evento -- inexistente -- não só passem a reivindicar a proeza, mas também a tratá-la como parte da es

Doutor Estranho

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Meu herói favorito da Marvel sempre foi o Doutor Estranho. Se não por outro motivo, o Mestre das Artes Místicas é um cara que tem uma imensa biblioteca, que tira seus poderes, em última instância, de livros e que valoriza o conhecimento acima de tudo, como se vê no quadrinho abaixo, desenhado por Barry Smith (roteiro de Stan Lee) -- e que vem, aliás, da primeira história do Dr. Estranho que li, publicada no Brasil pera Editora Abril quando a maioria dos leitores desta postagem ainda não tinha nascido: Alguém poderia imaginar que o fato de Stephen Strange ser um médico que abandonou a ciência para se dedicar ao esoterismo e à magia acabaria me fazendo sentir alguma antipatia por ele, mas esse não é o caso: o fato é que no Universo Marvel a magia e o esoterismo funcionam , o que faz da escolha de carreira do Dr. Estranho algo perfeitamente aceitável e racional. Como se diz por aí, medicina alternativa que funciona não é alternativa, é medicina. Gostei bastante do filme recente

Frio, umidade e gripe

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Modelo publicado no periódico PNAS busca associar a ocorrência de epidemias globais de gripe a variáveis ambientais como umidade e temperatura. Essa relação, escrevem os autores, é facilmente perceptível nos países da zona temperada, onde as transições sazonais são bem marcadas, mas torna-se difícil de distinguir nos trópicos. O estudo, realizado por pesquisadores dos Estados Unidos, buscou um modelo de ligações não-lineares entre clima e epidemias, e acabou concluindo que a umidade absoluta está vinculada às epidemias de gripe, mas que a temperatura determina se a correlação entre a doença e essa variável será positiva ou negativa. Quando a temperatura é baixa, uma umidade absoluta alta reduz a incidência da gripe, mas a umidade alta eleva o número de casos em climas quentes. “O equilíbrio entre os efeitos positivos e negativos da umidade absoluta parece ser mediado pela temperatura”, diz o artigo ( disponível online ). “A análise revela um limiar-chave por volta dos 75º F [2

Mais uma métrica para qualidade científica aí, gente

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Publicada na revista Science , uma análise estatística da produtividade de milhares de pesquisadores de diversas áreas, bem como do impacto dos artigos desses cientistas, mostra que os trabalhos mais influentes distribuem-se de modo aleatório ao longo da sequência de publicações de cada carreira individual, embora os cientistas mais bem- sucedidos acumulem mais publicações, com maior impacto, nas primeiras duas décadas de atividade científica. Numa tentativa de modelar os parâmetros que regem as principais métricas usadas na avaliação institucional de pesquisadores, os autores, da Europa e dos Estados Unidos, buscaram separar os efeitos da sorte e do mero volume de publicações sobre o impacto geral da careira, e chegaram a um fator, que chamaram de “Q”, que “captura a capacidade de um pesquisador de tirar vantagem do conhecimento disponível de modo a ampliar (Q > 1) ou reduzir (Q < 1) o impacto de um artigo α”. O valor de “Q”, diz o artigo, é constante ao longo da carreira do

Dia dos Mortos

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Vida, diz uma anedota, é uma doença sexualmente transmissível que leva inevitavelmente à morte. As únicas certezas do Universo, pontifica um dito popular, são a morte e os impostos (alguns brasileiros miliardários parecem ter encontrado formas de escapar do Fisco, mas a Magra não parece sensível à propina). A morte é o grande equalizador, o ponto onde todo acabaremos nos encontrando, o fim do tempo, onde todos os sonhos se tornam irrealizáveis, as ambições, irrelevantes e os arrependimentos, inúteis. O dia em que morremos é o único dia de nossas vidas sem um amanhã. O que gera, é claro, a questão de como lidar com isso. Minha solução favorita é a sugerida por Epicuro: a morte não é um problema para o morto, porque existir é uma pré-condição para se ter problemas, e morrer é deixar de existir. Essa não é, no entanto, uma solução popular: a vaidade humana, somada ao apelo intuitivo do princípio da indução -- se todos os dias têm um amanhã, menos o último, é fácil supor que esse ta

Lições dos deuses astronautas

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Minha fé na humanidade sofreu um novo abalo neste fim de semana. E não estou me referindo ao resultado do segundo turno das eleições municipais brasileiras, mas sim à realização, na Califórnia, da primeira AlienCon , a convenção anual de fãs do programa de TV Alienígenas do Passado. Para quem não está ligando o nome à pessoa, trata-se daquela série interminável do History Channel sobre como este ou aquele artefato arqueológico, mito antigo ou evento histórico representa um sinal de interferência de civilizações alienígenas nos caminhos da humanidade. A noção de "alienígenas do passado" ou "deuses astronautas" tem uma história relativamente curta -- data do início do último século -- mas convoluta. As primeiras especulações a respeito costumam ser atribuídas ao jornalista americano Charles Fort , de onde foram incorporadas à ficção de HP Lovecraft, que por sua vez teve seu trabalho reaproveitado como "não-ficção" na obra francesa O Despertar dos Mágic