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Mostrando postagens de julho 23, 2017

Falácias favoritas

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Enquanto me preparava, na última semana, para a mesa sobre divulgação científica da qual participei, na USP de Ribeirão Preto (com Pirula e Reinaldo José Lopes ), reli  Como Mentir com Estatística , de Darrell Heff, um clássico da alfabetização estatística publicado originalmente em 1954. O livro de Heff é curto, ilustrado com divertidos cartuns assinados por Irving Geis, e evita entrar em detalhes técnicos abordados por diversas obras posteriores, como O Andar do Bêbado , de Leonard Mlodinow, ou mesmo o  Cartoon Guide to Statistics , de Larry Gonick (de onde saiu a ilustração abaixo). O objetivo de Heff não é ensinar a fazer estatística, ou apresentar as bases filosóficas do pensamento estatístico/probabilístico, mas educar o leitor leigo para que seu simples bom-senso não seja eclipsado por gráficos, porcentagens e alegações supostamente "apoiadas em dados estatísticos". Nesse trabalho, o autor chama atenção para duas falácias que eram de uso comum no discurso

Aquecimento global: notícias do "front"

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Algo que notei em tempos recentes é que, enquanto o combate ao negacionismo climático consome tempo e paciência da pequena comunidade brasileira de divulgação científica (o caso do Pirula , com quem conversei no início da semana, é apenas o mais recente e emblemático), um monte de ciência séria continua a ser feita a respeito da mudança climática e de seus impactos, e nós divulgadores acabamos não dando tanta atenção para ela; ficamos meio obcecados com o ladrar dos cães, e não vemos a caravana passar. Por conta disso, resolvi fazer aqui um apanhado do que de mais importante publicações científicas sérias, revisadas por pares, andaram dando sobre o assunto -- só na última semana. Vamos nessa? Começando pelo mais recente: Estados Unidos, China, Índia, Vietnã, Tailândia, Laos, Bangladesh, Mianmar e as duas Coreias correm grave risco de ver seus rios poluídos com excesso de fertilizantes -- causando o efeito conhecido como eutrofização , que provoca grande mortalidade de animais e

O preço da alternativa

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Um mito comum sobre terapias alternativas é que elas, de alguma maneira, representam  economia para o paciente ou o erário. Esse foi o raciocínio por trás da máquina de propaganda mobilizada por Mao Zedong para inventar a "medicina tradicional chinesa" , criando uma ilusão de coerência filosófica que amarrasse a miríade de superstições, invencionices, bruxarias (e algumas observações astutas sobre saúde humana) que curandeiros diversos praticavam, no interior da China, num pacote único que tivesse algum verniz de respeitabilidade. A preocupação de Mao era com o custo de levar médicos adequadamente treinados a todos os cantos da nação continental e, também, criar um produto de exportação  atraente, que apelasse à quase automática reverência ocidental diante dos "mistérios do Oriente". A mesma questão de custos aparece na recente decisão do governo brasileiro de ampliar o cardápio de "terapias alternativas" disponível no SUS. Embora o discurso oficial