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Mostrando postagens de abril 15, 2012

Pena de morte reduz o crime? Não dá pra saber, ainda

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A Academia Nacional de Ciências dos EUA divulgou um relatório sobre uma série de estudos a respeito da eficácia da pena de morte como elemento dissuasório -- isto é, se o fato de uma pessoa saber que pode ser condenada à morte efetivamente reduz a probabilidade de ela cometer um crime. Os estudos foram realizados a partir de 1976, quando os Estados Unidos voltaram a aplicar a pena capital, após uma moratória de quatro anos. A conclusão da Academia? Os estudos não prestam, e não devem ser usados como argumento a favor ou contra a punição pela morte. "Pesquisas realizadas até agora sobre o efeito da pena capital nas taxas de homicídio não são úteis para determinar se a pena de morte as aumenta, diminui ou é irrelevante", afirma nota de apresentação do trabalho, que pode ser baixado gratuitamente aqui . Prossegue a nota: "A questão fundamental (...) é se a pena capital é mais ou menos eficaz, como dissuasão, que penas alternativas, como prisão perpétua (...) No entanto,

Astrologia pautando a imprensa?

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No início da semana, um leitor do blog me mandou este link para uma matéria online de O Globo , onde uma astróloga é chamada a explicar as mazelas da cidade fluminense de Niterói. O tempora, o mores , pensei, enquanto encarava a leitura do texto (quem quiser uma discussão mais detalhada de por que astrologia é besteira pode se divertir nesta postagem de 2011 ). Para que não me chamem de xiita obtuso, fui capaz de notar que a parte astrológica da matéria do jornal carioca era apenas uma espécie de nariz de cera para introduzir a parte realmente "carnuda" da reportagem, um levantamento exaustivo dos problemas que afligem Niterói e da inoperância das autoridades. Em jargão jornalístico, "nariz de cera" é um texto apensado ao início de uma matéria, como um órgão olfatório postiço e, como tal, não se encaixa muito bem lá. Esses narizes costumam ser usados quando o repórter sente (ou sabe) que não tem  nada de realmente quente a anunciar, tipo, caiu um prédio ou o

Felicidade (a minha) em números

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Eu sou mais feliz comendo num jardim às sextas-feiras, de preferência depois de ter dormido pelo menos sete horas. Esse é, ao menos, o que deduzo dos resultados de duas rodadas da pesquisa Track Your Happiness , para qual me inscrevi no ano passado. Terminei de responder ao segundo ciclo do questionário agora. Compreensivelmente, sou mais infeliz no dentista ou no velório, às quintas-feiras e depois de ter dormido menos de seis horas. Abaixo, alguns gráficos (a quem interessar possa -- afinal, o que é um blog sem um pouco de exibicionismo, gratuito, né?) sobre o meu estado de espírito: Este é o "What are you Doing", com a escala de felicidade no eixo X (por alguma razão, "doing housework" -- no meu caso, isso significa lavando pratos -- ganhou de "reading" e "home computer". Suponho que minha mulher vai querer impugnar esse resultado específico): Este aqui, o "Where are you", novamente com o nível de felicidade na horizontal:

Quem tem medo da eugenia?

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"Eugenia" é, por longa tradição histórica, uma palavra suja. A simples menção traz à mente imagens de clínicas nazistas onde eram exterminados portadores de diversos tipo de deficiência, ou políticas de Estado , adotadas em vários países em diversos momentos, proibindo a miscigenação de raças ou determinando a esterilização de parcelas da população. Tudo muito desumano e assustador. Ou, ainda, faz pensar em filmes como Gattaca , onde os ricos têm acesso a genes de primeira linha para seus filhos, e as pessoas são continuamente submetidas a testes genéticos para avaliar suas aptidões. De novo, tudo muito desumano e assustador. Mas, será esse o único modo de encarar a questão? Um exemplo ficcional: em sua série de romances sobre o imortal Lazarus Long, o escritor de ficção científica Robert Heinlein imagina a figura de um milionário que paga para que pessoas de famílias especialmente longevas tenham filhos entre si, ao longo de várias gerações. Seu objetivo é, exatamen