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Mostrando postagens de agosto 27, 2017

Vício primário

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Uma coisa que sempre me espanta no Brasil é a incapacidade dos agentes públicos -- e, suponho, da população que os elege -- de levar a sério qualquer possibilidade de desenvolvimento econômico que não seja baseada em algum tipo de (neo)extrativismo . É o pré-sal da esquerda, são o nióbio e o grafite da direita estulta, são a soja e o boi da direita "esperta", é, agora,  o cobre da Amazônia . Num cenário em que a produção mundial de bens e serviços cada vez mais se estrutura em redes, com centros dispersos de design, montagem, produção de peças e produção de matéria-prima, só o que parece fazer brilhar os olhos dos brasileiros e entrar na visão estratégica dos governantes são exatamente as etapas de menor valor agregado, que mais agridem o meio ambiente e que mais exploram e maltratam a mão-de-obra . Será outro aspecto do tal "complexo de vira-lata"? Certa vez conversei com um economista que era fã incondicional da política de "Campeãs Nacionais" do

Raízes do fascismo

Na fogueira retórica em que o debate público brasileiro se transformou nos últimos anos, a palavra "fascista" acabou sendo reduzida a um xingamento genérico, uma espécie de equivalente de "canalha", cuja única especificidade é a de sinalizar em que lado do espectro político o falante se vê. Historicamente, no entanto, "fascista" significa alguém que adere ao "fascismo" -- a doutrina de que os direitos individuais, e os das minorias, são irrelevantes diante da vontade da maioria, do grupo maior, do Todo, vontade essa que é tida como equivalente à do Líder que comanda o Todo. Após o fim da 2ª Guerra Mundial, vários estudos psicológicos foram realizados para buscar as raízes do fascismo na psiquê humana. Semana passada, escrevi uma matéria a respeito. Ela começa assim: O que leva uma pessoa a pôr uma bandeira nazista nos ombros e sair por aí gritando “sangue e solo” e “judeus não nos substituirão”? Se você se sentiu tentado a responder “burrice”,