War Stories & Ellery Queen: o ano de publicar nos EUA

Já comentei aqui, há alguns meses, que a Ellery Queen Mystery Magazine comprou um conto meu -- a versão em inglês de Melhor Servido Frio, que saiu na antologia Ficção de Polpa - Aventura! -- para publicar agora em 2014. Isso foi em outubro. Bom, no fim do mês (ano) passado, recebi a grata notícia de que um conto que escrevi originalmente em inglês havia sido selecionado para a antologia de fc militar War Stories, organizada por Andrew Liptak e Jaym Gates, financiada via Kickstarter e a sair pela Apex Books.

O que significa que, salvo algum imprevisto maluco, terei não um, mas dois contos publicados profissionalmente no mercado de língua inglesa em 2014. E, opa, o ano mal começou!

Alguns meses atrás, quando saiu minha mais recente antologia de contos, Campo Total, fiz uma postagem aqui no blog anunciando a decisão de parar de escrever ficção, ao menos por algum tempo. Os motivos eram não só o aumento da minha carga de trabalho como jornalista, mas também o desalento com o mercado brasileiro de ficção especulativa e com a posição de minha obra, em particular, nele. Citando a postagem original: "um certo cansaço com a eterna síndrome de murro-em-ponta-de-faca, a-recompensa-do-autor-é-ver-o-livro-publicado a que se resumem os frutos de escrever ficção 'de gênero' (ficção científica, em particular) no Brasil."

Se a situação no Brasil não melhorou nada desde então -- imagino que quase ninguém tenha visto Campo Total numa estante de livraria, que se dirá nas listas de best-sellers -- as duas vendas para o mercado americano não deixam de ser um alento. Os direitos autorais da Ellery Queen (sim, eles pagam antes de publicar!) engordaram a ceia de fim de ano, e a aceitação pela War Stories (onde devo sair junto de gente como Joe Haldeman) aumentou um pouco a confiança que tenho no meu inglês "literário".

Eu já havia escrito originalmente em inglês antes, para a revista de mistério Needle (2012), para a antologia de terror Rehearsals for Oblivion (2006), além do conto produzido em parceria com Octavio Aragão, mas caso se concretizem, as duas publicações previstas para este ano serão uma conjunção inédita. E abrem caminho para uma série de possibilidades interessantes: porque os desafios de escrever e de conseguir ser publicado em outra língua são muito maiores, sem dúvida -- mas, até aí, as recompensas também são.

Comentários

  1. Congratulações, Carlos. Pena que as coisas não são fáceis para literatura especulativa no Brasil.

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