O fim do "Olhar Cético" na Galileu: só mais duas colunas
A coluna Olhar Cético, que eu vinha produzindo para o site da revista Galileu desde, se não me engano, agosto de 2013, deixa de ser publicada a partir de julho. Há um texto que deve entrar no ar hoje, um artigo final que sobe na próxima segunda-feira, dia 29, e c'est fini. O motivo, informam-me, é contenção de despesas; há a possibilidade de uma retomada dentro de alguns meses, mas é apenas isso, uma possibilidade.
Pelas minhas contas, a coluna de 29 de junho será a de número 99. Minha pasta Dropbox de textos para a Galileu contém 113 arquivos, mas descontando as reportagens que produzi parta a revista, principalmente entre 2013 e 2014, os rascunhos dos artigos e os textos começados mas não terminados, creio que restam uns 99, talvez pouco mais, que realmente saíram sob a rubrica do Olhar Cético, inicialmente no papel e na web e, depois, apenas online.
Minha inspiração original para a coluna sempre foi o trabalho original de Martin Gardner (e, depois, Michael Shermer) para a edição-matriz da Scientific American, além das investigações conduzidas ao longo de décadas por Joe Nickell e reunidas em diversos livros.
Não fui um pioneiro desse tipo de atividade no Brasil: durante muito tempo, Kentaro Mori carregou a tocha do ceticismo nacional praticamente sozinho, e creio que o pessoal do Ácido Cético, da UFRGS, já estava na estrada bem antes de eu assinar meu primeiro texto jornalístico de ceticismo -- uma crítica da astrologia (será que todo cético começa assim?), publicada no antigo website da Agência Estado, mais anos atrás do que eu gostaria de me lembrar. O jornalista Ricardo Bonalume Neto chegou a manter uma coluna de ceticismo na Revista da Folha, no começo do século. Isso sem falar na velha Sociedade da Terra Redonda, entre outras iniciativas.
Quando surgiu, a coluna da Galileu veio como a realização de uma ambição pessoal antiga. Imagino que todas as pessoas que têm um emprego menos do que satisfatório, mas aparentemente seguro e bem remunerado -- no meu caso, o de editor de Ciência e Meio Ambiente do Portal Estadão --, sonham com o que fariam se um dia tivessem um bom pretexto para se livrar dele.
No meu caso, o pretexto veio sob a forma de uma demissão por corte de gastos, em 2010, e a primeira coisa que fiz foi escrever um livro de divulgação científica de orientação cética, O Livro dos Milagres, e co-escrever outro, o Pura Picaretagem.
O convite para colaborar com a Galileu veio mais ou menos na mesma época em que o Picaretagem estava saindo. As coisas pareciam promissoras para uma iniciativa jornalística profissional de ceticismo científico ("profissional" no sentido de remunerado, e em oposição a voluntário, não necessariamente a amador) na mídia mainstream, mas enfim, a economia brasileira sendo o que é, "promissor" é um conceito bem relativo.
Com o fim da coluna, é provável que parte do material que eu vinha reunindo para edições futuras acabe aparecendo neste blog. Ou que eu resolva usar o tempo livre para finalmente levar adiante meu terceiro livro de divulgação e ceticismo, agora sobre fenômenos espiritualistas (estou parado no meio do capítulo sobre Leonora Piper, tentando decidir quanto espaço devo dedicar a Madame Blavatsky e reunindo ânimo para seguir adiante e mergulhar no século 20). Ou para escrever mais ficção.
A coluna do dia 29 trará uma breve nota de despedida e agradecimento, que reitero aqui. Obrigado a quem acompanhou ao menos parte daquela quase-centena de textos. E até mais!
Pelas minhas contas, a coluna de 29 de junho será a de número 99. Minha pasta Dropbox de textos para a Galileu contém 113 arquivos, mas descontando as reportagens que produzi parta a revista, principalmente entre 2013 e 2014, os rascunhos dos artigos e os textos começados mas não terminados, creio que restam uns 99, talvez pouco mais, que realmente saíram sob a rubrica do Olhar Cético, inicialmente no papel e na web e, depois, apenas online.
Minha inspiração original para a coluna sempre foi o trabalho original de Martin Gardner (e, depois, Michael Shermer) para a edição-matriz da Scientific American, além das investigações conduzidas ao longo de décadas por Joe Nickell e reunidas em diversos livros.
Não fui um pioneiro desse tipo de atividade no Brasil: durante muito tempo, Kentaro Mori carregou a tocha do ceticismo nacional praticamente sozinho, e creio que o pessoal do Ácido Cético, da UFRGS, já estava na estrada bem antes de eu assinar meu primeiro texto jornalístico de ceticismo -- uma crítica da astrologia (será que todo cético começa assim?), publicada no antigo website da Agência Estado, mais anos atrás do que eu gostaria de me lembrar. O jornalista Ricardo Bonalume Neto chegou a manter uma coluna de ceticismo na Revista da Folha, no começo do século. Isso sem falar na velha Sociedade da Terra Redonda, entre outras iniciativas.
Quando surgiu, a coluna da Galileu veio como a realização de uma ambição pessoal antiga. Imagino que todas as pessoas que têm um emprego menos do que satisfatório, mas aparentemente seguro e bem remunerado -- no meu caso, o de editor de Ciência e Meio Ambiente do Portal Estadão --, sonham com o que fariam se um dia tivessem um bom pretexto para se livrar dele.
No meu caso, o pretexto veio sob a forma de uma demissão por corte de gastos, em 2010, e a primeira coisa que fiz foi escrever um livro de divulgação científica de orientação cética, O Livro dos Milagres, e co-escrever outro, o Pura Picaretagem.
O convite para colaborar com a Galileu veio mais ou menos na mesma época em que o Picaretagem estava saindo. As coisas pareciam promissoras para uma iniciativa jornalística profissional de ceticismo científico ("profissional" no sentido de remunerado, e em oposição a voluntário, não necessariamente a amador) na mídia mainstream, mas enfim, a economia brasileira sendo o que é, "promissor" é um conceito bem relativo.
Com o fim da coluna, é provável que parte do material que eu vinha reunindo para edições futuras acabe aparecendo neste blog. Ou que eu resolva usar o tempo livre para finalmente levar adiante meu terceiro livro de divulgação e ceticismo, agora sobre fenômenos espiritualistas (estou parado no meio do capítulo sobre Leonora Piper, tentando decidir quanto espaço devo dedicar a Madame Blavatsky e reunindo ânimo para seguir adiante e mergulhar no século 20). Ou para escrever mais ficção.
A coluna do dia 29 trará uma breve nota de despedida e agradecimento, que reitero aqui. Obrigado a quem acompanhou ao menos parte daquela quase-centena de textos. E até mais!
A contenção de despesas sempre pega primeiro a parte de maior qualidade... : (
ResponderExcluirDava pra montar uma enciclopédia com o material que você, Mori, Bona e cia. produziram.
[]s,
Roberto Takata
Obrigado, Takata!
ExcluirAh, apesar desses cortes e surpresas, bom que o seu trabalho fica preservado aqui e acolá como sério.
ResponderExcluirTente organizar os textos publicados, seguindo alguma ordem lógica por assunto como um "fio condutor", e publique como um livro. Ou um e-book :)
ResponderExcluirÉ uma triste notícia, fiquei sabendo da coluna há alguns meses e desde então vinha acompanhando semanalmente. Tanto que seus textos também me inspiraram a reativar meu blog de ciência que estava parado há vários meses, com o objetivo de auxiliar também na divulgação de ceticismo e ciência http://cienciaeliberdade.blogspot.com.br/
ResponderExcluirA Galileu é decepcionante. Confesso Orsi, uma, duas ou mais coisas: acompanhava você mais pela Galileu do que pelo seu blog pessoal, (com raridade a Galileu traz algumas outras matérias interessantes, como os textos de Gleiser, mas me parecia que o material do Olhar não eram postados no Blog pessoal), agora passarei a frequentar seu blog, aguardando encontrar um pouco do Olhar. A Galileu talvez, de inicio, continue a frequentar pelo habito que adquiri, mas creio que isso tenderá a se extinguir.
ResponderExcluirDescobri o Olhar tarde, e descobri a Galileu através do Olhar, e não o contrario, como seria de se esperar. E, de fato, o que me moveu a tornar a Galileu minha pagina inicial do navegar foram seus textos. Assim como no trabalho, na faculdade e nos grupos de amigos mencionei incontáveis vezes seu nome e sua coluna, e por tabela a Galileu, a alguns amigos chegava a dizer ”por favor, procure este blog cara, você vai me agradecer", e agradeciam.
Tive que duelar com a atualização automática da Galileu para voltar as páginas da coluna e poder ler as matérias anteriores, não foi fácil, mas creio que venci.
Quando vi a coluna Olhar Cético em um site chamado Galileu, achei incrível: um site que utilize esse nome tem, em minha visão, a obrigação de manter um espaço para a difusão do pensamento cético.
Nunca comentei um texto seu. Lá já tentei mas a caixa de dialogo é chata que dói, inclusive tetei comentar algo parecido com o que estou tentando comentar aqui e ao que parece censuraram. Enfim, este comentário não é chantagem emocional ao pessoal da Galileu, nem estou "putinho", isto seria ridículo. Estou decepcionado. Admiro seu trabalho Orsi. Procurarei seus livros, muito grato.
OI, Cesar! Eu que agradeço, tanto o interesse em meu trabalho quanto a audiência fiel! Ainda não sei exatamente se, e como, vou levar o trabalho da coluna adiante -- os artigos demandam (demandavam) um tempo razoável de pesquisa, reflexão e escrita, e a disciplina de ter de entregar o texto semanal para a revista me ajudava a segurar o ritmo. Acho que vou ficar um tempo só com o Telescópio (a coluna sobre ciência internacional que faço pro Jornal da Unicamp), mas é bem provável que eu volte ao ceticismo em breve. Tem coisas que ficam no sangue! :) Abs!
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