Cérebro semântico

A elaboração de um mapa que localiza as regiões do cérebro que reagem ao significado de conceitos semânticos é descrita na edição mais recente da revista Nature. Esse “atlas narrativo” foi criado submetendo um grupo de voluntários a ressonância magnética funcional do cérebro, enquanto ouviam histórias que giravam em torno de grupos semânticos diversos, como “comida” ou “números”. A ressonância acompanhou o fluxo sanguíneo para cada parte do cérebro à medida que as histórias progrediam, detectando que partes do órgão reagiam com maior intensidade a cada palavra.

Um algoritmo foi usado para modelar os resultados, revelando um padrão comum às diversas leituras individuais. O resultado mostrou que o processamento semântico se espalha por mais de 100 regiões do cérebro, e que há associações tanto anatomicamente próximas – uma região estimulada pelas palavras “mãe” e “gravidez” é contígua a outra estimulada também por “mãe”, mas ainda por “casa” – quanto distantes: a palavra da língua inglesa “top” – que pode significar alto, elevado, e também é o nome de uma peça de roupa – ativou áreas ligadas a números, mas também outras, mais distantes, que respondem a termos de vestuário e de arquitetura. Também foram encontradas conexões funcionais: uma palavra visualmente descritiva, como “listrado”, ativou uma área bem próxima ao córtex visual. No geral, as representações se distribuíram por ambos os hemisférios cerebrais.

“Nossos resultados sugerem que a maioria das áreas dentro do sistema semântico representa informação sobre domínios semânticos específicos, ou grupos de conceitos relacionados, e nosso atlas mostra quais domínios são representados em cada área”, escrevem os autores, vinculados ao laboratório do pesquisador Jack Gallant, da Universidade da Califórnia, Berkeley. “Este estudo demonstra que métodos de uso intensivo de dados – comuns em estudos de neuroanatomia e conectividade funcional em humanos – oferecem meios poderosos e eficientes para mapear representações funcionais no cérebro”. (Leia esta e outras notas -- incluindo novidades sobre o sono dos dragões e a memória das plantas -- no Telescópio do Jornal da Unicamp.)

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