Momento CSI: perícia judicial prova que pizzas são sólidas
Enquanto os tribunais brasileiros reclamam de falta de verba e o ex-ministro do STF Eros Grau exercita seu precioso latim numa tentativa de convencer os leitores do Estadão de que não há nada demais em o Estado brasileiro, que está constitucionalmente proibido de "estabelecer aliança" com religiões, oferecer ensino religioso e celebrar tratados com o Vaticano, o juiz James P. MacElree, do Estado da Pensilvânia, agindo com galhardia e imbuído do mais elevado espírito público, gasta dinheiro do próprio bolso para realizar uma perícia científica com consequências sísmicas: pizzas são sólidas?
A história é descrita em detalhe no blog da revista Discover, mas resumindo: um cara jogou um pedaço de pizza num carro na rua. A lei da Pensilvânia considera ilegal "arremessar objetos sólidos" nas vias públicas. A defesa do cara argumenta: mas, será que a pizza preenche os requisitos de "objeto sólido"?
A sentença do meritíssimo MacElree merece ser lida na íntegra, mas traduzo abaixo o trecho mais brilhante do autógrafo:
"Usando fundos pessoais, comprei uma pizza com a finalidade de testar suas propriedades físicas. A primeira coisa que notei foi que ela veio numa caixa (i.e., um recipiente). Ela repousava no fundo do recipiente, mantida no lugar pela gravidade, e não tomava a forma ou ocupava todo o volume do recipiente. Concluí, portanto, que se não tratava de um gás. Meu experimento seguinte foi tentar fatiar a pizza em seis pedaços, porque não estava faminto o suficiente para comer todos os oito pedaços. Observei que o processo de fatiar realmente produziu seis pedaços separados e distintos, que não voltaram a se unir para tomar a forma do fundo do recipiente. Concluí, portanto, que se não tratava de um líquido. Meu experimento seguinte foi uma tentativa de pegar um dos pedaços e comê-lo. Observei que a fatia de pizza mantinha sua forma básica, embora pendesse um pouco na ponta. Além disso, fui capaz de remover uma parcela com uma mordida, e foi necessária alguma mastigação antes que pudesse engoli-la. Pus o restante sobre um papel e observei que ficou no lugar, não se esparramou pela minha mesa, e manteve a forma (exceto pela parte mordida). Portanto, concluí que era um sólido.
"Gostaria de agradecer o estimado advogado de defesa por me conceder a oportunidade de encomendar um almoço antecipado, e de passar o restante do meu horário de almoço escrevendo esta momentosa opinião. Espero que seu cliente tenha apreciado pagar o advogado pelo tempo gasto neste argumento totalmente frívolo. Estou inclinado a impor ao advogado uma multa sumária de US$ 500 por apresentar tamanha frivolidade, que desperdiçou o tempo da polícia, do promotor público e o da Corte".
A história é descrita em detalhe no blog da revista Discover, mas resumindo: um cara jogou um pedaço de pizza num carro na rua. A lei da Pensilvânia considera ilegal "arremessar objetos sólidos" nas vias públicas. A defesa do cara argumenta: mas, será que a pizza preenche os requisitos de "objeto sólido"?
A sentença do meritíssimo MacElree merece ser lida na íntegra, mas traduzo abaixo o trecho mais brilhante do autógrafo:
"Usando fundos pessoais, comprei uma pizza com a finalidade de testar suas propriedades físicas. A primeira coisa que notei foi que ela veio numa caixa (i.e., um recipiente). Ela repousava no fundo do recipiente, mantida no lugar pela gravidade, e não tomava a forma ou ocupava todo o volume do recipiente. Concluí, portanto, que se não tratava de um gás. Meu experimento seguinte foi tentar fatiar a pizza em seis pedaços, porque não estava faminto o suficiente para comer todos os oito pedaços. Observei que o processo de fatiar realmente produziu seis pedaços separados e distintos, que não voltaram a se unir para tomar a forma do fundo do recipiente. Concluí, portanto, que se não tratava de um líquido. Meu experimento seguinte foi uma tentativa de pegar um dos pedaços e comê-lo. Observei que a fatia de pizza mantinha sua forma básica, embora pendesse um pouco na ponta. Além disso, fui capaz de remover uma parcela com uma mordida, e foi necessária alguma mastigação antes que pudesse engoli-la. Pus o restante sobre um papel e observei que ficou no lugar, não se esparramou pela minha mesa, e manteve a forma (exceto pela parte mordida). Portanto, concluí que era um sólido.
"Gostaria de agradecer o estimado advogado de defesa por me conceder a oportunidade de encomendar um almoço antecipado, e de passar o restante do meu horário de almoço escrevendo esta momentosa opinião. Espero que seu cliente tenha apreciado pagar o advogado pelo tempo gasto neste argumento totalmente frívolo. Estou inclinado a impor ao advogado uma multa sumária de US$ 500 por apresentar tamanha frivolidade, que desperdiçou o tempo da polícia, do promotor público e o da Corte".
Essa sentença é muito boa!! Até parece um capítulo do Boston Legal.
ResponderExcluirOK, mas do ponto de vista físico, a pizza não é sólida: suas moléculas não estão organizadas em cristais. Lembro-me do clássico exemplo do vidro, que também não é sólido, mas sim um líquido de altíssima viscosidade. O meritíssimo MacElree é muito bem-humorado, mas ignorante das ciências naturais...
ResponderExcluir