100 anos do "Último Adeus"
Vamos fechar a semana tratando de coisas agradáveis? Hoje faz cem anos que o conto O Último Adeus de Sherlock Holmes (His Last Bow) foi publicado na revista americana Collier's. Esta história não foi, de fato, o "último adeus" do personagem -- Conan Doyle continuaria publicando novas histórias de Holmes por mais dez anos -- mas ela traz uma série de peculiaridades: é o único conto concebido e escrito em terceira pessoa (o texto de A Pedra Mazarino, que também usa esse tipo de narração, havia sido planejado como peça de teatro), é o mais adiantado na cronologia do personagem (passa-se em 1914) e, claro, trata da atuação de Sherlock Holmes na contraespionagem inglesa às vésperas da I Guerra Mundial.
Segundo Owen Dudley Edwards, editor da coleção de Sherlock Holmes publicada pela Universidade Oxford, o conto parece ter sido inspirado por uma visita de Arthur Conan Doyle ao front francês em 1916, quando o general George-Louis Humbert perguntou ao escritor se Sherlock Holmes estava lutando no Exército Inglês. Em um relato autobiográfico, autor diz que se sentiu embaraçado pela questão e respondeu que Holmes não estava mais em idade militar. "Mas a desculpa deve ter perturbado" Conan Doyle, especula Edwards. Se esse foi o caso, o conto veio para exorcizar a perturbação.
O conto contém uma das falas mais citadas de Holmes, sobre o "vento forte que vem do Leste" e sua referência a Watson como "o único ponto fixo numa era de mudanças". Owen Dudley Edwards afirma que esta história foi a que sofreu mais revisões pela mão de Conan Doyle entre suas três publicações (em antologias nos EUA e na Inglaterra, e na revista inglesa Strand), e dá preferência à versão da Strand, que segundo ele difere de modo "dramático e frequente" das demais.
A história foi publicada após a morte de Sidney Paget, o ilustrador responsável por criar a imagem tradicional de Holmes, com capa xadrez e chapéu de caça. A edição da Strand foi ilustrada por Alfred Gilbert e da Collier's por Frederick Dorr Steele.
Gilbert tenta emular o estilo de Paget, mas Steele -- um ilustrador cujos desenhos de Holmes são pouco conhecidos fora dos Estados Unidos, já que a maioria das traduções ilustradas costuma reproduzir o trabalho dos ilustradores britânicos, por razões óbvias -- tem um estilo que se aproxima da história em quadrinhos. A ilustração que abre a postagem é dele. A aqui em baixo é de Gilbert:
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