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Mostrando postagens de dezembro 31, 2017

O rebote do efeito rebote

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As controvérsias públicas em torno de questões científicas que não são mais controversas entre cientistas -- como vacinação, aquecimento global, evolução -- acabaram gerando uma questão de pesquisa dentro da psicologia e das ciências sociais: por quê? Por que a população em geral parece feliz em acatar a chamada "ciência estabelecida", definida como o consenso presente dos especialistas, em inúmeras questões, mas às vezes opta por ignorá-la, agir contra ela, negá-la violentamente, fingir que ela não existe? Não há, aparentemente, uma resposta única. A explicação default é a chamada "teoria do déficit": as pessoas negam a ciência estabelecida porque não tiveram acesso a ela, não sabem o que ela diz. A teoria do déficit muitas vezes é atacada a partir de um ponto de vista que defende um certo relativismo epistemológico: seria, digamos, politicamente incorreto insinuar (ou afirmar) que o povo é ignorante. O problema com essa crítica é que ela veta,  in limine ,

O detox do detox

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Estamos na chamada "silly season", a "temporada tonta", em que a mídia, por falta de gente (muitos jornalistas de férias), de assunto (recesso parlamentar, pré-temporada esportiva) e atenção (leitores/espectadores na praia) começa a gastar páginas inteiras com bobagens, fazendo hora até o ano começar de verdade. É nesta época que afloram com maior intensidade as longas entrevistas com subcelebridades e videntes, as retrospectivas, os avistamentos de óvni e, claro, as chamadas "dietas detox". Não há nada errado em achar que tomar um copo de couve batida com espinafre e óleo de peixe vai aliviar a angústia existencial deixada pela comilança das últimas duas semanas, mas se você acredita que, além da purificação espiritual trazida pela penitência, esse procedimento vai causar alguma purificação física, removendo toxinas de seu corpo... sinto muito, mas não. Mesmo. O corpo humano é, no geral, bem capaz de desintoxicar-se sozinho: os rins e o fígado faz