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Mostrando postagens de outubro 30, 2016

Mais uma métrica para qualidade científica aí, gente

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Publicada na revista Science , uma análise estatística da produtividade de milhares de pesquisadores de diversas áreas, bem como do impacto dos artigos desses cientistas, mostra que os trabalhos mais influentes distribuem-se de modo aleatório ao longo da sequência de publicações de cada carreira individual, embora os cientistas mais bem- sucedidos acumulem mais publicações, com maior impacto, nas primeiras duas décadas de atividade científica. Numa tentativa de modelar os parâmetros que regem as principais métricas usadas na avaliação institucional de pesquisadores, os autores, da Europa e dos Estados Unidos, buscaram separar os efeitos da sorte e do mero volume de publicações sobre o impacto geral da careira, e chegaram a um fator, que chamaram de “Q”, que “captura a capacidade de um pesquisador de tirar vantagem do conhecimento disponível de modo a ampliar (Q > 1) ou reduzir (Q < 1) o impacto de um artigo α”. O valor de “Q”, diz o artigo, é constante ao longo da carreira do

Dia dos Mortos

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Vida, diz uma anedota, é uma doença sexualmente transmissível que leva inevitavelmente à morte. As únicas certezas do Universo, pontifica um dito popular, são a morte e os impostos (alguns brasileiros miliardários parecem ter encontrado formas de escapar do Fisco, mas a Magra não parece sensível à propina). A morte é o grande equalizador, o ponto onde todo acabaremos nos encontrando, o fim do tempo, onde todos os sonhos se tornam irrealizáveis, as ambições, irrelevantes e os arrependimentos, inúteis. O dia em que morremos é o único dia de nossas vidas sem um amanhã. O que gera, é claro, a questão de como lidar com isso. Minha solução favorita é a sugerida por Epicuro: a morte não é um problema para o morto, porque existir é uma pré-condição para se ter problemas, e morrer é deixar de existir. Essa não é, no entanto, uma solução popular: a vaidade humana, somada ao apelo intuitivo do princípio da indução -- se todos os dias têm um amanhã, menos o último, é fácil supor que esse ta

Lições dos deuses astronautas

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Minha fé na humanidade sofreu um novo abalo neste fim de semana. E não estou me referindo ao resultado do segundo turno das eleições municipais brasileiras, mas sim à realização, na Califórnia, da primeira AlienCon , a convenção anual de fãs do programa de TV Alienígenas do Passado. Para quem não está ligando o nome à pessoa, trata-se daquela série interminável do History Channel sobre como este ou aquele artefato arqueológico, mito antigo ou evento histórico representa um sinal de interferência de civilizações alienígenas nos caminhos da humanidade. A noção de "alienígenas do passado" ou "deuses astronautas" tem uma história relativamente curta -- data do início do último século -- mas convoluta. As primeiras especulações a respeito costumam ser atribuídas ao jornalista americano Charles Fort , de onde foram incorporadas à ficção de HP Lovecraft, que por sua vez teve seu trabalho reaproveitado como "não-ficção" na obra francesa O Despertar dos Mágic