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Mostrando postagens de setembro 16, 2012

Alerta de arrogância religiosa

Nota rápida. Hoje vi nos jornais a foto de uma manifestação no Brasil contra o tal filme "A Inocência dos Muçulmanos", onde havia um cartaz com os dizeres, Ofender 1,6 bilhão de pessoas é liberdade de expressão? Sobre isso, duas coisas. Primeiro, respondendo à questão do manifestante: sim, é. Liberdade de expressão é a liberdade de dizer coisas que incomodam os outros. Dizer o que todo mundo quer ouvir não é liberdade de expressão, da mesma forma que ir onde os outros mandam não é liberdade de ir e vir. Dã. Segundo, quem disse que há 1,6 bilhão de pessoas (o total estimado de muçulmanos no mundo) ofendidas? Há uma arrogância profunda que afeta líderes religiosos em geral, a presunção de falar em nome da comunidade dos fiéis. O que é uma enorme besteira. Eu era católico quando o filme Ave Maria , de Jean-Luc Goddard, foi proibido no Brasil, e me lembro de um padre histriônico escrevendo, em artigo para a Folha de S. Paulo , que o filme "cuspia na nossa mãe",

Tá, mas e esse papo da "mulher" de Jesus?

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Uma das coisas que essa descoberta de um texto copta onde Jesus cita a própria esposa  traz é a necessidade de se estabelecer claramente a distinção entre a data do papiro  e a data do que está escrito . Por exemplo, pelo que consegui entender, os especialistas que avaliaram o tal "Evangelho da Mulher de Jesus" concluíram que ele deve ser do século 4 (por volta do ano 350) por conta de evidências internas do texto, como a língua e a linguagem usadas. O suporte físico, em si, ainda não teria sido testado. Essa diferença entre a idade do suporte e a idade do texto é muito importante: por exemplo, o manuscrito mais antigo a conter versos de um Evangelho, o chamado Papiro P52 , contém trechos do Evangelho de João, considerado, por conta de evidências históricas, o último a ter sido escrito. Já o Evangelho de Marcos, tido como o mais antigo, só é citado pela primeira vez, até onde sabemos, no Papiro P45 , cerca de de 100 anos mais velho que o P52. Disso tudo se conclui que a i

"Islamofobia": nada mais a acrescentar

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Via Jerry Coyne .

Fungos de Yuggoth, grátis

Há alguns anos, a pedido de um amigo que queria elaborar um livro com importantes obras de H.P. Lovecraft que continuavam inéditas no Brasil, empreendi uma tradução de Fungos de Yuggoth , um ciclo de 36 sonetos mais ou menos interligados, escritos por Lovecraft entre 1929 e 1930. O livro, pelo que me dizem, segue firme no caminho da publicação mas, por contenção no número de páginas, os sonetos acabaram excluídos. Então, para não perder o serviço, publiquei-os no Scribd. Está lá, de graça, com uma introduçãozinha também de minha lavra. Para quem quiser um gostinho, abaixo vai o primeiro deles: I.                     O Livro Era escuro, poeirento e meio perdido entre os lugares Perto das docas, em labirintos de becos emaranhados Fedendo às coisas alheias trazidas pelos mares, E com arabescos de névoa, pelo vento desenhados. Pequenos vidros em losango, obscurecidos pela fumaça e congelados, Mal mostravam os livros, amontoados em retorcidos pilares, Apodrecendo do chão a