Violência, não violência, mudança social
Mal foi dada a notícia de sua morte, começou a disputa pelo cadáver de Nelson Mandela . Nas redes sociais, parece que todo e qualquer revolucionário de sofá com uma estratégia favorita sobre como provocar mudanças sociais -- seja por meio de passeatas, terrorismo, resistência pacífica -- passou a peneirar a biografia do líder sul-africano em busca de exemplos para defender sua tese; e todo conservador retinto, que teme qualquer mudança, não importa qual ou de onde venha, também passou a caçar exemplos de que Mandela, o "revolucionário boa-praça", na verdade não passava de um lobo em pele de cordeiro. Não me parece possível sintetizar a vida de um homem de 95 anos, que passou quase três décadas encarcerado e que se propôs a reconstruir um país inteiro, de modo tão simplista. O argumento, no fim, é menos sobre a identidade de Mandela -- que pode ser explorada em ensaios e biografias mas que, como a identidade de cada um de nós, no fim se reduz a um mistério -- e mais sobre es...