Ciência, saúde e a maldição do "personagem"
Acho que já fiz, no passado, um longo "rant" contra um vício particular que vem tomando conta do jornalismo na área de saúde, a saber, o de que toda matéria tem de girar em torno de um "personagem". Partindo do pressuposto de que o leitor médio de jornais e revistas é incapaz de, ou está indisposto a, prestar atenção em qualquer narrativa um pouco mais complexa que um roteiro de telenovela, os editores passaram a exigir que virtualmente qualquer reportagem sobre doenças ou tratamentos tenha "personagem", e.g., uma pessoa que sofre da moléstia/passa pelo procedimento. (Isso ajuda a explicar, entre outras coisas, a superpopulação de jovens mães na casa dos 30, estudantes universitárias, empresárias, jornalistas, publicitárias que infesta as narrativas midiáticas: o jornalismo é cada vez mais uma profissão feminina, e a busca insana por personagens acaba levando as autoras a "caçar" fontes em seu próprio extrato demográfico.) Não estou dize...