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Mostrando postagens de fevereiro 26, 2012

'Mind the Gap': da teologia à mitologia

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"Mind the gap" é uma já folclórica expressão usada no metrô londrino, significando "cuidado com o vão" -- no caso, o vão entre a plataforma e o trem. Turistas que visitam a capital britânica têm à disposição uma infinidade de produtos com a frase, incluindo canecas, camisetas e moletons. Mas o gap  (ou vão) desta postagem é de outro tipo: um que assoma, como uma espécie de abismo no horizonte distante, em toda discussão sobre teísmo e ateísmo. É o gap entre filosofia e mitologia. Suponho que todo mundo que já tentou acompanhar uma conversa civilizada -- sim, elas existem -- entre teístas e ateus acabou vendo a história empacar logo no primeiro item: o Universo requer uma causa? O ateu diz que não, o teísta diz que sim, não há acordo e o debate para por aí mesmo, ou então começa girar em círculos. O apelo à intuição dá alguma vantagem ao teísta nesse ponto, mas uma visão um pouco mais sofisticada da questão basta para mostrar que não é válido elevar um dado

Parem as máquinas! Cheguei ao Kindle!

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Já está à venda, na Amazon, a edição digital de meu romance de ficção científica Guerra Justa . Para quem ainda não conhece o livro (vamos lá, gente, se vocês frequentam o blog, tratem de ler o livro! Senão, como vou bancar as action figures e camisetas que pretendo lançar?), ele é uma reflexão sobre as responsabilidades morais de Deus -- Ou, se você tem o poder de evitar um desastre, e não o faz,  você se torna cúmplice? Ele também tem ação, artes marciais, perseguições em alta velocidade e sexo em gravidade zero, entre outras atrações menores. Quem preferir a versão em papel pode acionar este link . E agora, um pouco do que vem por aí: Em breve, deve ser republicada minha novela de fantasia oriental As Dez Torres de Sangue , lançada originalmente em 1999, como livrinho de bolso, pelo César Silva . A edição atual será da Editora Draco e, se me permitem dizer, a capa do Erick Sama é uma das coisas mais lindas que já vi: Como disse, é uma fantasia oriental. As principais

Os ricos são mais escrotos? É provável, mas...

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Uma série de experimentos realizados por pesquisadores da Universidade da Califórnia em Berkeley sugere que pessoas de classe social mais alta tendem a ser mais trapaceiras e lenientes com o próprio comportamento -- "perdoando-se" mais facilmente quando cometem ações antiéticas e aproveitando com mais frequência oportunidades para roubar e trapacear com impunidade. O trabalho foi publicado pelo periódico PNAS , e há um resumo dos experimentos, em inglês, disponível aqui . Agora, o resultado não só é plausível em si ("por trás de toda grande fortuna há um grande crime", já dizia Balzac) como também interessante, curioso e vem confirmar o estereótipo favorito de muito esquerdista estereotípico, que vê os ricos como uma massa informe de canalhas destinada, pelo infalível juízo de Deus ou da História, ao paredón . Também é atraente para nós, a massa ignara, que ganhamos autorização científica para encarar nossos problemas de crediário como indício claro de bom-carat

Louvemos todos o regador sagrado!

Um vídeo simplesmente genial, um uma trilha sonora perfeita: Crazy Watering Can from vania heymann on Vimeo .

Ferraz, Ferraz

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Entre novembro e dezembro de 2009, fui, por mais de 20 dias, hóspede da Estação Antártica Comandante Ferraz, mantida pela Marinha do Brasil na Ilha Rei George, na vizinhança da Península Antártica. Essa é a mesma base que foi destruída -- ou, ao menos, seriamente danificada -- por um incêndio, ocorrido neste fim de semana. Dois militares da Marinha morreram, um ficou ferido, mas cerca de 60 pessoas, entre militares e cientistas, escaparam ilesas. É o que informa o noticiário. A sensação de ver as imagens, feitas pela Marinha chilena, de Ferraz (como a estação é chamada informalmente) em chamas é, para mim, mais ou menos como a de ver a casa de um velho amigo pegando fogo. Morei lá, ajudei na faxina, na cozinha, limpei o banheiro masculino. A manutenção de Ferraz sempre foi uma ação comunitária: uma vez sob o teto da estação, todos tornam-se corresponsáveis. Por conta disso, para muitos cientistas brasileiros, veteranos de inúmeras temporadas na Antártida, a perda da estação deve