Besteirol corporativo: eu no Zero Hora

Até hoje me lembro de como fiquei chocado quando, no fim do século passado, tive em mãos um jornalzinho produzido pelo setor de marketing da agência de notícias em que trabalhava, para ser divulgado entre executivos de grandes empresas -- na época, antes do boom da internet, o principal mercado da agência eram empresas que precisavam de serviços de informação em tempo real. O primeiro impacto foi notar como o texto era ruim, mal escrito, mal ajambrado. O segundo foi decifrar, debaixo da massa ignara de anglicismos toscos e mal resolvidos (antes da esquerda nos trazer o "empoderamento", o capitalismo gerou a "monetização") e da sintaxe confusa de quem pensa em inglês ruim e escreve em português pior ainda, os significados pobres, as promessas vazias, o otimismo imbecil e a absoluta ausência de lógica. Foi ali que comecei a desconfiar que a fronteira final a ser conquista pelo pensamento crítico racional não seria a medicina alternativa, a crença na vida após a ...