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Mostrando postagens de fevereiro 24, 2013

De papas e de números

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Com o conclave vindo aí, o Pew Research Center publicou uma interessante análise sobre a demografia do catolicismo no mundo, comparando a situação em 1910 com a de 2010. O artigo pode ser lido por inteiro aqui , e os números brutos referentes a 2010 podem se acessados aqui . O dado que mais chama atenção é o desta tabela, abaixo. Ela mostra a evolução do catolicismo em seis grandes regiões do mundo, no século de 1910 a 2010, em termos de fração da população que se declara católica.  Como se vê, o lugar-comum de que a religião de Roma está se tornando uma religião de países periféricos merece, mesmo, ser um lugar-comum: o crescimento mais acentuado é o que ocorre na África subsaariana -- a ponto de a República Democrática do Congo (RDC) ter substituído a "República Checa" (o Pew usa esse nome; em 1910, provavelmente seria a região da Boêmia, então parte da Áustria) como o décimo maior país católico do mundo. A situação do catolicismo nos dez países mais fiéis de 1910,

Bento XVI, impunidade e silêncio

Com a renúncia de Bento XVI, as mídias, tanto as tradicionais quanto as "novas", viram-se inundadas por avaliações que preenchem todo o espectro entre o generoso  e o ácido , passando por tentativas de uma leitura mais moderada  sobre o significado e a herança do reinado de Joseph Ratzinger. No que parece um vício muito comum da comunicação contemporânea, porém, uma questão crucial -- a dos abusos de menores por membros do clero -- parece-me ter sido tratada, aqui no Brasil, tanto ad nauseam quanto não o bastante: ao menos, não com foco correto e profundidade suficiente. Mas, sem foco e profundidade, é difícil, se não impossível, fazer uma avaliação correta do legado de Ratzinger, primeiro como prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé (CDF) e, depois, como sumo pontífice, diante do que se convencionou chamar de crise dos padres pedófilos. O nome, em si, já trai o problema: a essência da crise não está na existência de padres pedófilos. Como muitos defensores da I

Philp José Farmer, o meteorito de Wold Newton e eu

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Em outubro, um conto meu, escrito em parceria com Octavio Aragão , será publicado numa antologia de histórias ou escritas por Philip José Farmer, ou inspiradas por elas. Esse mesmo conto, The Last of the Guaranys , já saiu em outro livro, The Worlds of Philip Jose Farmer 3: Portraits of a Trickster , mas esta primeira publicação é um volume relativamente caro (US$ 25), e composto principalmente de trabalhos voltados para o estudioso da obra farmeriana. O novo volume, Tales of the Wold Newton Universe ,  é fundamentalmente uma antologia de ficção, para as massas (custa US$ 8,63 na pré-encomenda), e reúne também contos escritos por Farmer sob inspiração dos velhos pulps . Como Octavio e eu fomos parar lá? E do que se trata o nosso conto? Bom, isto vai requerer um pouco de background, então, por favor, paciência. Em 1972, o escritor de ficção científica americano Philip José Farmer (1918-2009) publicou o livro Tarzan Alive , uma biografia ficcional de Lorde Greystoke. A premissa por

Quem escreveu "Um Escândalo na Boêmia"?

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Depois de Holmes, Watson e, apenas talvez, do Professor Moriarty, a atriz, cantora e "aventureira" Irene Adler -- a única mulher a derrotar Sherlock Holmes -- é a personagem da saga criada por Sir Arthur Conan Doyle mais famosa no cânone sherlockiano. Das adaptações audiovisuais atualmente em andamento, Irene aparece tanto na série de BBC quanto na sequência cinematográfica estrelada por Robert Downey Junior. Descrita como "a coisinha mais fofa debaixo de um chapéu neste planeta", Irene conta uma longa bibliografia dedicada à sua pessoa,  incluindo várias séries de aventuras próprias , e a honra de ser considerada, por alguns autores, como a mãe de Nero Wolfe . A tantas honras, soma-se o fato de ela ter sido antagonista escolhida para a "segunda gênese" de Sherlock Holmes. O Grande Detetive havia sido criado para protagonizar o romance Um Estudo em Vermelho , publicado em 1886, e trazido de volta à luz para a novela O Signo dos Quatro , lançada em 18