Religião, política e seus instrumentos
Desconfio de que existem duas ou três teses de doutorado, em História ou Ciências Sociais, esperando para serem escritas, espreitando nas entrelinhas da entrevista concedida pelo cardeal Raymundo Damasceno, presidente da CNBB, e publicada no Estadão deste sábado . Seria possível presumir que, depois de o Princípe da Igreja emitir frases como "não se pode instrumentalizar a religião para obter voto" e "A Igreja não pode ter pretensões de poder", veremos o Padre Marcelo Rossi ser proibido de oferecer o púlpito a candidatos católicos , ou presidenciáveis serem barrados da missa de Aparecida ? Melhor ainda, já que a Igreja não pode ter pretensões de poder, será que o Vaticano passará a não palpitar mais na escolha de ministros do STF ? E, já que estamos nessa, vamos rasgar a concordata entre Brasil e Santa Sé ? Improvável, temo. Muito improvável. Mas, um pouco de contexto. As declarações do cardeal surgem em reação aos ataques à Igreja Católica feitos por líderes ...