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Livro dos Milagres: update!

Imagino que estava devendo aos fãs mais assíduos deste blog uma atualização sobre o estado de O Livro dos Milagres , minha reportagem/ensaio sobre o que a ciência revela a respeito de "eventos" como a abertura do Mar Vermelho, as chagas de Padre Pio, a ressurreição da carne, etc. etc. Pois bem: acabo de repassar à editora Vieira & Lent uma versão revisada, com notas bibliográficas. Montar as notas foi um trabalhão, mas acho que valeu a pena: compensa facilitar o trabalho de pesquisa do leitor mais entusiasmado. Além disso, esclareci uma dívida da revisora sobre o reinado do papa Clemente VII, o papa que, na Idade Média, deu sua bênção ao Sudário de Turim. De fato, o papa Clemente VII "oficial" só viria a reinar no Renascimento -- o Clemente VII medieval foi um "antipapa", que reinou em Avignon, não em Roma. No Vaticano tinha um outro cara na mesma época, Urbano VI.  A autoridade de Clemente foi reconhecida por vários países, incluindo Portug...

Borges e a Mecânica Quântica

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Redijo estas maltraçadas do quarto de um hotel de qualidade duvidosa em Fortaleza, Capita do Ceará. A única cadeira do apartamento é tão baixa que, para alcançar o teclado do laptop, tenho de empilhar os dois travesseiros da cama sobre a almofada da sobrecitada. Estou aqui a serviço da Unicamp, onde comecei a trabalhar há cerca de um mês, mas não reclamo: além de estar visitando o Nordeste (ainda que com uma conta de despesas que não pagaria o cadarço do pé esquerdo do Sarney, daí o hotel), a redação onde fico na universidade é muito próxima a uma livraria da Editora da Unicamp. Onde, é claro, acabo deixando parte significativa do salário -- eles estão com uma promoção de poesia clássica fantástica, já comprei um livro de poemas eróticos greco-romanos, uma tradução do Orlando Furioso e  uma da Ilíada -- incluindo o livro que dá título a esta postagem, Borges e a Mecânica Quântica , do físico argentino Alberto Rojo. Definir o trabalho de Rojo para o leitor brasileiro é...

Alienígenas ecoterroristas ameaçam a Terra?

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Semana passada foi marcada pelo bafafá em torno deste paper , uma revisão de cenários a respeito de um eventual contato entre a Terra e inteligências extraterrestres. O trabalho explora diversas possibilidades -- todas, em princípio, de baixo nível de probabilidade, mas algumas mais baixas (ou muito mais baixas) que outras -- e menciona a ideia de que as mudanças abruptas no ecossistema terrestre podem chamar a atenção de uma civilização alienígena. Mais precisamente, lá pela página 21 (de um total de 28, sem contar as mais de dez páginas de referências bibliográficas) os autores lançam a seguinte hipótese: O aumento na concentração de CO2 na atmosfera da Terra altera a assinatura espectrográfica do planeta (em linhas gerais, uma mudança no equilíbrio dos gases que compõem nossa atmosfera faz com que o planeta passe a ter uma "cor" diferente) e essa mudança pode ser captada pelos instrumentos de astrônomos ETs. A partir daí, surgem dois cenários desagradáveis: (a) Ess...

A múmia voltou!

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Escrever não dá lá muito dinheiro, mas certamente enche a vida de surpresas. Uma delas surgiu muitos anos atrás -- será que já faz uma década? -- quando o escritor, ilustrador, designer, professor universitário, agitador cultural e kick-ass  em geral Octavio Aragão me pôs em contato com o pessoal da Calango Produktado para produzir uma versão em quadrinhos do meu conto A Mortífera Maldição da Múmia . (O conto, em si, é, com o perdão do pleonasmo, uma história à parte: integra a antologia Intempol , uma coletânea de aventuras em torno de um aparato policial criado para patrulhar as viagens no tempo, mas cujos funcionários pensam e se comportam como, digamos, membros da "base aliada" do governo Dilma.) Eu me lembro de mandar, acho que toda semana (às quartas?) um e-mail para o Carlos Felipe ("Café") com o texto do episódio e algumas sugestões sobre a quebra da ação em quadros. Durou um semestre o trabalho, mais ou menos. Outra surpresa, mais recente -- de ontem...

A pérola de Popper, o bule de Russell

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Imagino que um bom lugar para começar seja com Karl Popper e seu critério da falseabilidade : a ideia de que, para ser digna de escrutínio científico, uma ideia ou hipótese precisa ser, ao menos em princípio, falseável: tem de haver pelo menos um resultado experimental que, se obtido, obrigaria, se não o abandono, ao menos uma profunda revisão da proposta inicial. A falseabilidade está intimamente ligada à ideia de previsão : uma proposta científica deve ser capaz de prever os resultados de experimentos. Uma previsão errada é sinal de que os cientistas têm de cavar mais fundo. Entre as afirmações não-falseáveis, Popper incluiu as alegações estritas de existência . Uma alegação estrita de existência é a afirmação de que alguma coisa existe, mas sem especificar onde, como ou de que forma. O exemplo usado por Popper era a afirmação de que "existe uma pérola que é dez vezes maior que a pérola imediatamente menor". Explica ele: "Uma alegação estrita ou pura de existên...

Raízes do Dieselpunk: Norvell Page

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Neste fim de semana acontece, na Fantasticon , o lançamento oficial da antologia Dieselpunk , da editora Draco (a mesma do meu romance Guerra Justa, link para comprar ali em cima, à direita), que comete a temeridade de abrir com um conto -- mais uma novela -- de minha autoria. Tenho um orgulho especial por essa novela, Fúria do Escorpião Azul , e por conta disso vou quebrar uma velha regra pessoal, a de não escrever nada sobre minhas obras ficcionais. No geral, acredito que, da mesma forma que o juiz fala nos autos, o escritor fala nos escritos; é até por isso que acho que polêmicas com críticos e leitores são meio estéreis. É bom, para arejar os ares da cultura, que críticos e leitores polemizem entre si, mas não vejo muito sentido em o autor entrar nesse samba (a menos que seja como crítico ou leitor -- dos outros, claro). Mas, enfim, divago. O que queria dizer é que  Escorpião Azul é especial, então merece virar exceção a essa minha norma idiossincrática de etiqueta. E é es...

Man at Work

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Não sei se alguém notou, mas este blog não foi atualizado nem quinta, nem sexta-feira. O motivo é que voltei a trabalhar fora de casa -- isto é, com carteira assinada, salário, essas coisas. Passei a fazer parte da equipe (de três) que edita a revista Ensino Superior Unicamp e o website Inovação Unicamp . O lado positivo disso é que minha vida financeira volta a ter alguma previsibilidade; e que, por não ser a Unicamp um gigante da mídia desesperado para atrair audiência a qualquer custo, serei poupado de roubadas como ter de correr atrás da última declaração de Geisy Arruda ou outras besteiras. O negativo é que o tempo e a energia disponíveis para este blog serão diluídos entre outras tarefas. (Supondo, claro, que alguém realmente ache que ter menos de minhas opiniões não-solicitadas flutuando por aí seja mesmo algo "negativo".) O blog continua vivo, mas de uma forma mais errática. O que é uma pena, porque havia rompido a "barreira" dos 10.000 acessos pela s...