Criacionismo ainda convence 46% dos americanos

Saiu uma nova pesquisa Gallup -- a 11ª em 30 anos -- sobre as crenças da população dos Estados Unidos a respeito da origem da espécie humana. Como vem acontecendo há mais de uma década, o instituto ofereceu aos respondentes três opções: Humanos evoluíram sob o controle de Deus; Humanos foram criados por Deus em sua forma atual, há menos de 10.000 anos; humanos evoluíram, e Deus não teve nada a ver com isso.

O resultado, você vê na tabela abaixo:


Segundo a análise feita pelo próprio Gallup, os números mostram-se virtualmente estáveis ao longo das três décadas de existência da pesquisa, com os valores atuais desviando-se pouco em relação à média do período.

De minha parte, se fosse dar um palpite, na verdade daria dois: primeiro, que os dados mais recentes parecem indicar uma tendência de polarização entre os criacionistas "hard core" e os evolucionistas "puros", com a chamada "evolução teísta" perdendo espaço.

Segundo, o aumento perceptível no número de evolucionistas "puros" a partir da virada do século: desde 2002 que a proporção se mantém em dois dígitos. Este foi, de fato, o grupo que mais cresceu desde o início da pesquisa, com sua parcela da população entrevistada tendo aumentado em dois terços, de 9% a 15%. Seria, talvez, um sinal do sucesso das táticas de combate mais estridentes adotadas, no pós-11 de Setembro, por gente como Richard Dawkins, Jerry Coyne e PZ Myers?

Em artigo recente, publicado no periódico Evolution, Coyne defende a ideia de que a alta religiosidade do povo americano é responsável pela também alta taxa de rejeição ao darwinismo no país. Outra pesquisa Gallup indicava que os EUA são o mais religioso dos países desenvolvidos, com 64% da população considerando a religião "muito importante".

Se a religiosidade leva à rejeição de Darwin, no entanto, o que dizer do Brasil? Segundo dados do Gallup, 88% dos brasileiros consideram a religião importante em suas vidas. Pesquisa DataFolha de 2010 apontava que 59% dos brasileiros acreditam numa evolução guiada por Deus; 25%, numa criação da humanidade já sob sua forma atual, há menos de 10.000 anos; e 8%, evolucionistas "puros". Um dado curioso levantado pelo instituto brasileiro é o de que a proporção de criacionistas "hard core" é maior entre umbandistas (33%) do que entre cristãos pentecostais (30%).

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