A Ascensão de Cthulhu: começa 2014

Será lançado em meados de abril, na Odisseia de Literatura Fantástica de Porto Alegre,  o volume de contos A Ascensão de Cthulhu, da Argonautas Editora -- livro que traz um conto de minha autoria, e representa o pontapé inicial da série de lançamentos contendo escritos meus que deve ocorrer, salvo alguma intervenção dos Grandes Antigos, ao longo do ano.

Cthulhu é, claro, o Grande Cthulhu, a entidade alienígena-extradimensional que reside em animação suspensa sob o Oceano Pacífico, e cujo despertar marcará o fim da história humana sobre a Terra -- ou, ao menos, é o que se depreende do conto The Call of Cthulhu, de H.P. Lovecraft. O livro da Argonautas é uma coletânea de contos de inspiração lovecraftiana.

Minha relação com a obra de Lovecraft passou, como se costuma dizer, por fases. Esse autor foi uma das principais influências de minha primeira década como ficcionista publicado -- digamos, de 1992 a 2002.

Gostava muito, como ainda gosto, da forma como estruturava suas narrativas, e ele me deu um formato dentro do qual trabalhar.

Com o tempo, comecei a me distanciar ideologicamente de seu trabalho: enquanto, na ficção lovecraftiana, a ignorância geralmente é uma bênção e a compreensão do verdeiro lugar da humanidade no cosmo leva à loucura, minhas convicções pessoais deslocaram-se na direção oposta: se o conhecimento traz problemas, eles só podem ser resolvidos com mais conhecimento, não queimando papéis, trancando livros em cofres ou alimentando mentiras.

Claro, dá para discutir se Lovecraft realmente achava que a ciência era o caminho do desastre -- há sinais de que não -- mas, enfim, peguei outros caminhos, me meti a fazer ficção científica hard, etc.

Curiosamente, no entanto, sempre me senti tentado a cometer uma "última história lovecraftiana". E, por conta disso, acabei escrevendo umas três ou quatro. A primeira-última foi Sob o Signo de Xoth, que está para ser republicada pela Draco numa coletânea de futebol, e depois ainda vieram  Deus dos Abutres, seguida por Toda Forma de Amor e, finalmente, por Caos e Eternidade, que é a que aparece nas páginas da nova coletânea da Argonautas.

O convite para participar de A Ascensão de Cthulhu me pegou de surpresa. Veio num momento em que eu já havia me decidido a parar de escrever ficção para o mercado brasileiro -- mas, por sorte, Chaos and Eternity era um conto que eu já tinha pronto, escrito originalmente em inglês, sob encomenda, para uma antologia americana sobre Nyarlathotep que acabou não se concretizando. Peguei o conto, traduzi, cortei, costurei, reformei e, graças ao editor Duda Falcão, aí está ele para quem quiser ler.

A história foi produzida bem na época em que eu transitava do terror para a ficção científica hard, e isso aparece. Mais não digo, para evitar spoiler.

E como o mundo é cíclico, estou recomeçando a ler (ou começando a reler) literatura dos Mitos de Cthulhu. Algum Lovecraft original, e incursões nesse universo por James Blish, Ramsey Campbell e Karl Edward Wagner, entre outros nomes. Está sendo um passeio bem interessante.

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