Futebol na Arkham paulista
Quando comecei a escrever terror, ou weird fiction, como se prefira chamar as histórias reunidas em meu livro Medo, Mistério e Morte, de 1996, hoje disponíveis individualmente em e-book (por exemplo, aqui, aqui e aqui), eu estava vivendo uma espécie de choque cultural reverso: depois de cinco anos morado, estudando e -- mal-e-mal -- trabalhando em São Paulo, voltava para minha terra natal no interior, defenestrado da capital pelo caos econômico dos estertores do governo Collor.
A meia década vivida na capital tinha afiado meu olhar crítico para com as mazelas e peculiaridades da província; e a intimidade crescente com a obra de H.P. Lovecraft me deixara familiarizado com o conceito de geografia imaginária, regiões fictícias de contorno verossímil, reconhecíveis como filhas e parcelas de uma área de existência real -- no caso lovecraftiano, a cidade fictícia de Arkham, firmemente enraizada na Nova Inglaterra -- mas criadas para a fantasia.
Daí nascia a região de Açaraí, que inclui essa urbe, um centro regional, e cidades menores circunvizinhas, como Parreiral e Rio Acima. Se não me engano, o município estreou como cenário do conto A Fábrica, que viria a ser minha primeira história a ganhar um prêmio, no caso o falecido Prêmio Nova, de saudosa memória.
Dei toda essa volta para contextualizar o conto Sob o Signo de Xoth, incluído na na antologia Futebol – histórias fantásticas de glória, paixão e vitórias, que está saindo pela Editora Draco. Esta é a derradeira aventura de Açaraí, e foi por pouco que não risquei a cidade do mapa com um grande holocausto no fim do conto, que tem como clímax uma partida de futebol.
Não sei se dá para dizer que a região de Açaraí foi o primeiro esboço de um "Arkham Country" brasileiro (um dos grandes paradoxos da literatura é que sempre há um pioneiro anterior ao pioneiro que veio antes do pioneiro), mas suponho que a existência dessa série de histórias possa vir a interessar os novos fãs do weird, e do weird de sabor realista/regionalista em especial, que foram despertados para o gênero por True Detective e pelas obras publicadas em seu rastro. Se alguém realmente quiser ir atrás disso, outras ocorrências bizarras da malfadada cidade de Açaraí estão documentas aqui e aqui.
A meia década vivida na capital tinha afiado meu olhar crítico para com as mazelas e peculiaridades da província; e a intimidade crescente com a obra de H.P. Lovecraft me deixara familiarizado com o conceito de geografia imaginária, regiões fictícias de contorno verossímil, reconhecíveis como filhas e parcelas de uma área de existência real -- no caso lovecraftiano, a cidade fictícia de Arkham, firmemente enraizada na Nova Inglaterra -- mas criadas para a fantasia.
Daí nascia a região de Açaraí, que inclui essa urbe, um centro regional, e cidades menores circunvizinhas, como Parreiral e Rio Acima. Se não me engano, o município estreou como cenário do conto A Fábrica, que viria a ser minha primeira história a ganhar um prêmio, no caso o falecido Prêmio Nova, de saudosa memória.
Dei toda essa volta para contextualizar o conto Sob o Signo de Xoth, incluído na na antologia Futebol – histórias fantásticas de glória, paixão e vitórias, que está saindo pela Editora Draco. Esta é a derradeira aventura de Açaraí, e foi por pouco que não risquei a cidade do mapa com um grande holocausto no fim do conto, que tem como clímax uma partida de futebol.
Não sei se dá para dizer que a região de Açaraí foi o primeiro esboço de um "Arkham Country" brasileiro (um dos grandes paradoxos da literatura é que sempre há um pioneiro anterior ao pioneiro que veio antes do pioneiro), mas suponho que a existência dessa série de histórias possa vir a interessar os novos fãs do weird, e do weird de sabor realista/regionalista em especial, que foram despertados para o gênero por True Detective e pelas obras publicadas em seu rastro. Se alguém realmente quiser ir atrás disso, outras ocorrências bizarras da malfadada cidade de Açaraí estão documentas aqui e aqui.
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