Sudário de Jesus, mortalha de Veja
Imagem "milagrosa" do sudário de Turim (E) e réplica criada pelo cientista italiano Luigi Garlaschelli
Deve ser efeito da Semana Santa: Veja apareceu com uma capa dizendo que há novas provas científicas apontando para a autenticidade do Sudário de Turim. A matéria em si é uma espécie de informercial de um novo livro que está saindo por aí, pela Cia das Letras, chamado O Sinal. Em meu Livro dos Milagres, dediquei um capítulo inteiro à questão do sudário, então o tema obviamente me interessou. Existem, em resumo, quatro linhas de evidência, independentes entre si, que apontam para o fato de que o sudário é uma falsificação criada na França medieval:
1. Datação por carbono 14: três fragmentos do sudário foram submetidos a datação por radiocarbono em três diferentes laboratórios, e os resultados, publicados na revista científica Nature, convergem para uma data entre os séculos 13 e 14.
2. Exame microscópico: Walter McCrone, um dos maiores especialistas em microscopia do mundo e perito em autenticação de obras de arte, descobriu no sudário pigmentos do século 14 aplicados com uma técnica usada no século 14.
3. Evidência documental: a despeito de teses fantasiosas em contrário, os primeiros documentos a citar o sudário são, adivinhe só, do século 14. Entre eles, há o depoimento de um bispo francês que afirma ter conhecido o artista responsável pela criação do sudário.
4. Evidência estética: a imagem do sudário não representa um corpo humano real, e sim um corpo humano distorcido de acordo com as convenções da arte gótica, que floresceu (adivinhe só) no século 14. As linhas são alongadas demais, e há assimetria no comprimento dos membros. Além disso, o sudário traz a impressão da panturrilha e da sola do pé de uma das pernas de Jesus. Tente fazer isso na cama, tocar o lençol, ao mesmo tempo, com a panturrilha e a sola da pé, os dois da mesma perna. Cuidado com a cãibra. E, agora, imagine-se fazendo isso depois de morto.
Para ressuscitar (trocadilho intencional) a respeitabilidade científica -- em oposição à respeitabilidade tal como vista pelos olhos dos sindólogos, entusiastas que estão para o sudário como os ufólogos estão para óvnis -- da tese de que o sudário é verdadeiro, seria preciso, portanto, refutar, se não todos os pontos acima, ao menos a maioria deles.
Se Veja (ou suas fontes) tivesse encontrado provas capazes de eliminar pelo menos duas dessas dificuldades, o feito seria fenomenal. Assim, pela segunda vez nesta década, comprei a revista. As afirmações do texto são peremptórias: ele diz, por exemplo, que os argumentos do novo livro da Cia das Letras "põem para escanteio todos os desmentidos científicos" (já disse que a matéria toda parece um infomercial?) acerca do sudário. Audaciosa proclamação! Pena que não há nada, ali, para sustentá-la.
É irônico, entre outras coisas, que a matéria comece citando o trecho do Evangelho de João onde se descreve que Jesus foi sepultado com lençóis (note o plural) de linho, incluindo uma faixa em separado para a cabeça. Claro que, se essa descrição é correta, o sudário, uma imagem ininterrupta do corpo inteiro (cabeça inclusa) num pano só, não pode ser verdadeiro.
Para ser justo, há um infográfico na matéria que tenta conciliar o sudário de peça-única à menção dos "panos" e da faixa da cabeça, mas com sucesso um tanto quanto discutível.
Das quatro linhas de evidência que apontam para o sudário como uma falsa relíquia, Veja se dirige a apenas uma: a datação de carbono 14. Um dos argumentos levantados é o do pólen -- de que teriam sido encontradas, no tecido do sudário, amostras de pólen de plantas típicas da Palestina. Veja cita pólen identificado em 2001, aparentemente se referindo a uma nova análise das amostras obtidas por Max Frei, vários anos antes.
O que é engraçado, porque Frei morreu em 1983 com a reputação em frangalhos, depois de ter autenticado os infames (e decididamente falsos) "Diários de Hitler". Análises posteriores mostraram que Frei provavelmente contaminara suas amostras com pólen palestino deliberadamente, a fim de criar uma "prova" a favor do sudário. Então, o fato de estudos posteriores de seu material confirmarem o pólen não prova nada, já que foi Frei quem, provavelmente, colocou-o lá, para começo de conversa.
O outro argumento contra a datação de radiocarbono é o de que a faixa de tecido extraída para ser analisada teria vindo de um trecho restaurado do sudário. O artigo da Nature descreve a remoção da faixa para análise nos seguintes termos: "O sudário foi separado de seu pano de fundo ao longo de sua margem esquerda e uma faixa (aproximadamente 10 mm por 70 mm) foi cortada imediatamente acima do local de onde uma amostra havia sido removida anteriormente em 1973, para exame. A faixa veio de um único local do corpo principal do sudário, afastado de quaisquer remendos ou queimaduras". A extração foi feita sob a supervisão de especialistas em tecidos e tecelagem.
Eles podem ter se enganado? Claro. Todo mundo erra. Podem ter tido azar, também, pegando um trecho exatamente do único ponto do sudário onde o tecido teria sido reconstituído por meio de uma "costura invisível".
Mas a principal evidência a favor da existência de um "remendo indetectável" a olho nu -- a presença de algodão e de um corante vegetal, garança -- não é conclusiva: algodão e garança aparecem em outras partes do sudário, além do trecho extraído.
No entanto, mesmo que o pessoal do carbono 14 tenha sido especialmente incompetente, ou azarado, ou ambos, as outras três linhas de evidência em favor da tese da falsificação se mantêm. E Veja não gasta uma única mísera linha com elas. Embora mencione que o bispo de Poitiers proibira, em 1355, a veneração do sudário, não diz o motivo: porque ele sabia que a peça era uma fraude.
Então resumindo: para o sudário ser autêntico, a datação de radiocarbono tem de ter sido conduzida por incompetentes azarados, o bispo de Poitiers tem de ter sido um canalha mentiroso (assim como Walter McCrone), todas as provas documentais da existência do sudário pré-1350 têm de ter sido destruídas ou escondidas, e o caráter gótico da imagem tem de ser uma curiosa coincidência.
Tudo isso é possível? Claro. Assim como aquela luz intensa junto à Lua pode ser uma nave de Andrômeda, por que não? Mas, se tiver de apostar, eu aposto que é o planeta Vênus.
1. Datação por carbono 14: três fragmentos do sudário foram submetidos a datação por radiocarbono em três diferentes laboratórios, e os resultados, publicados na revista científica Nature, convergem para uma data entre os séculos 13 e 14.
2. Exame microscópico: Walter McCrone, um dos maiores especialistas em microscopia do mundo e perito em autenticação de obras de arte, descobriu no sudário pigmentos do século 14 aplicados com uma técnica usada no século 14.
3. Evidência documental: a despeito de teses fantasiosas em contrário, os primeiros documentos a citar o sudário são, adivinhe só, do século 14. Entre eles, há o depoimento de um bispo francês que afirma ter conhecido o artista responsável pela criação do sudário.
4. Evidência estética: a imagem do sudário não representa um corpo humano real, e sim um corpo humano distorcido de acordo com as convenções da arte gótica, que floresceu (adivinhe só) no século 14. As linhas são alongadas demais, e há assimetria no comprimento dos membros. Além disso, o sudário traz a impressão da panturrilha e da sola do pé de uma das pernas de Jesus. Tente fazer isso na cama, tocar o lençol, ao mesmo tempo, com a panturrilha e a sola da pé, os dois da mesma perna. Cuidado com a cãibra. E, agora, imagine-se fazendo isso depois de morto.
Para ressuscitar (trocadilho intencional) a respeitabilidade científica -- em oposição à respeitabilidade tal como vista pelos olhos dos sindólogos, entusiastas que estão para o sudário como os ufólogos estão para óvnis -- da tese de que o sudário é verdadeiro, seria preciso, portanto, refutar, se não todos os pontos acima, ao menos a maioria deles.
Se Veja (ou suas fontes) tivesse encontrado provas capazes de eliminar pelo menos duas dessas dificuldades, o feito seria fenomenal. Assim, pela segunda vez nesta década, comprei a revista. As afirmações do texto são peremptórias: ele diz, por exemplo, que os argumentos do novo livro da Cia das Letras "põem para escanteio todos os desmentidos científicos" (já disse que a matéria toda parece um infomercial?) acerca do sudário. Audaciosa proclamação! Pena que não há nada, ali, para sustentá-la.
É irônico, entre outras coisas, que a matéria comece citando o trecho do Evangelho de João onde se descreve que Jesus foi sepultado com lençóis (note o plural) de linho, incluindo uma faixa em separado para a cabeça. Claro que, se essa descrição é correta, o sudário, uma imagem ininterrupta do corpo inteiro (cabeça inclusa) num pano só, não pode ser verdadeiro.
Para ser justo, há um infográfico na matéria que tenta conciliar o sudário de peça-única à menção dos "panos" e da faixa da cabeça, mas com sucesso um tanto quanto discutível.
Das quatro linhas de evidência que apontam para o sudário como uma falsa relíquia, Veja se dirige a apenas uma: a datação de carbono 14. Um dos argumentos levantados é o do pólen -- de que teriam sido encontradas, no tecido do sudário, amostras de pólen de plantas típicas da Palestina. Veja cita pólen identificado em 2001, aparentemente se referindo a uma nova análise das amostras obtidas por Max Frei, vários anos antes.
O que é engraçado, porque Frei morreu em 1983 com a reputação em frangalhos, depois de ter autenticado os infames (e decididamente falsos) "Diários de Hitler". Análises posteriores mostraram que Frei provavelmente contaminara suas amostras com pólen palestino deliberadamente, a fim de criar uma "prova" a favor do sudário. Então, o fato de estudos posteriores de seu material confirmarem o pólen não prova nada, já que foi Frei quem, provavelmente, colocou-o lá, para começo de conversa.
O outro argumento contra a datação de radiocarbono é o de que a faixa de tecido extraída para ser analisada teria vindo de um trecho restaurado do sudário. O artigo da Nature descreve a remoção da faixa para análise nos seguintes termos: "O sudário foi separado de seu pano de fundo ao longo de sua margem esquerda e uma faixa (aproximadamente 10 mm por 70 mm) foi cortada imediatamente acima do local de onde uma amostra havia sido removida anteriormente em 1973, para exame. A faixa veio de um único local do corpo principal do sudário, afastado de quaisquer remendos ou queimaduras". A extração foi feita sob a supervisão de especialistas em tecidos e tecelagem.
Eles podem ter se enganado? Claro. Todo mundo erra. Podem ter tido azar, também, pegando um trecho exatamente do único ponto do sudário onde o tecido teria sido reconstituído por meio de uma "costura invisível".
Mas a principal evidência a favor da existência de um "remendo indetectável" a olho nu -- a presença de algodão e de um corante vegetal, garança -- não é conclusiva: algodão e garança aparecem em outras partes do sudário, além do trecho extraído.
No entanto, mesmo que o pessoal do carbono 14 tenha sido especialmente incompetente, ou azarado, ou ambos, as outras três linhas de evidência em favor da tese da falsificação se mantêm. E Veja não gasta uma única mísera linha com elas. Embora mencione que o bispo de Poitiers proibira, em 1355, a veneração do sudário, não diz o motivo: porque ele sabia que a peça era uma fraude.
Então resumindo: para o sudário ser autêntico, a datação de radiocarbono tem de ter sido conduzida por incompetentes azarados, o bispo de Poitiers tem de ter sido um canalha mentiroso (assim como Walter McCrone), todas as provas documentais da existência do sudário pré-1350 têm de ter sido destruídas ou escondidas, e o caráter gótico da imagem tem de ser uma curiosa coincidência.
Tudo isso é possível? Claro. Assim como aquela luz intensa junto à Lua pode ser uma nave de Andrômeda, por que não? Mas, se tiver de apostar, eu aposto que é o planeta Vênus.
Excelente texto, Carlos! Já compartilhei pra que meus amigos estejam cientes do embuste da revista.
ResponderExcluirLembrando que no sudário aparece a imagem de Jesus vista pelos europeus, que eu nada se parece com o jesus feio, grande e palestino daquela época.
ResponderExcluir... que também é uma lenda.
ExcluirISSO TUDO É UMA GRANDE MENTIRA , QUANDO JESUS VOLTAR , ELE VAI DESTRUIR TODO FALSO PROFETA DA TERRA
ExcluirCara, muito legal seu texto! Por favor, acrescente as referências; ia enriquecer e embasar melhor; mesmo que tudo o que você tenha dito pareça excepcionalmente plausível. Elegantíssimo. Valeu!
ResponderExcluirOi, André! Algumas referências já estão linkadas no texto, mas aqui vão outras:
ExcluirTrabalho de Walter McCrone:
http://mcri.org/home/section/63-64/the-shroud-of-turin
http://mcri.org/home/section/63-64-293/the-latest-shroud-update?PHPSESSID=5f6e31883e3de81721554da28096d751
Livros:
"Inquest on the Shroud of Turin" & "Relics of the Christ", ambos por Joe Nickell; "Judgment Day for the Shroud of Turin", Walter McCrone.
Há uma boa entrevista com Nickell aqui:
http://www.scifidimensions.com/Aug00/jnf_shroud.htm
e um artigo sobre o carbono 14 aqui:
http://www.csicop.org/specialarticles/show/claims_of_invalid_ldquoshroudrdquo_radiocarbon_date_cut_from_whole_cloth
Eu realmente recomendo os livros de McCrone e Nickell. São duas gotas no oceano de publicações sensacionalistas pró-autenticidade que se multiplicam por aí.
Carlos, entrei aqui imaginando que você iria comentar sobre isso.
ResponderExcluirPode aproveitar a deixa e caso tenha tempo e paciência, comentar sobre isso aqui também?
http://revistatrip.uol.com.br/revista/208/salada/deus-mc2.html
Obrigado
Oi, Monsores! O misticismo quântico é uma praia muuuuuito mais agitada que a sindologia, e atacar o assunto requer doses maciças de física, filosofia e, claro, bom-senso. Estou trabalhando em algo nesse sentido, mas ainda vai demorar um pouco para ter a coisa toda arredondada...
ExcluirPois então, aguardo pacientemente.
ExcluirCoisas como "O Segredo" e "Quem somos nós" me irritam profundamente.
Obrigado.
Sou ateu, mas lembro de ter visto um documentário mostrando que a datação de carbono foi feita com uma parte lateral do tecido. Acontece que depois foi descoberto que toda a borda do sudário foi costurada no século XIV pra proteger o manto original, que viajava pelo mundo sem cuidados e já estava começando a descoser e a se decompor. Pelo mesmo motivo, foi pincelado as partes que estavam desaparecendo. Ou seja, há vestígios de tinta sim do século XIV, porque algum "inteligente" achou por bem reforçar toda a pintura do manto original. Acredito que o sudário seja mais antigo que a era medieval, mas não acredito que seja a imagem de uma pessoa numa câmara mortuária. Acontece que os dois lados (ateus x cristãos), ao invés de analisarem calmamente tudo o que foi feito, resolvem deturpar qq indício de irregularidade na história do outro. Ateus ou cristãos, são todos seres humanos, munidos de seus orgulhos e estupidez.
ResponderExcluirOi, Eu!
ExcluirQue eu saiba, o sudário teve um pano costurado por trás para reforçá-lo, não nas bordas... Existe uma tira extra costurada em uma das laterais do sudário, mas ela é de um tecido idêntico ao da parte principal, e parece ter sido acrescentada para centralizar melhor a imagem (o que reforça a hipótese de criação artística).
De resto, o debate não é entre crentes e ateus: o primeiro laudo exaustivo apontando a falsidade do sudário foi feito por um padre francês, e no século XIV a obra foi denunciada por um bispo.
Concordo com "EU" .Ateus e crentes em vez de se unirem e levarem a sério essa e outras questões ficam se agredindo inutilmente.Quem perde com tanta asneira é a verdade. Afinal, se há bons motivos para não admitir a autenticidade do sudário, também há bons motivos para crer nela.Ou será que todos os que discordam são parvos?
ExcluirCarlos!
ResponderExcluirDe fato está muito alongado o rosto do galileu.
Como tu és um escritor de ficção, dá uma olhada nessa do Deus Quântico.
CIÊNCIA E ESPIRITUALIDADE: Deus é espírito
ISSO TUDO NÃO PASSA DE UMA MERDA SOCIAL E RELIGIOSA NÃO SEI PRA QUE ISSO
ResponderExcluirassim q vi a capa de veja, sabia que leria mais sobre o assunto por aqui. lamentável que um veículo (ainda) respeitado por alguns use tantas páginas pra perpetuar um absurdo desses.
ResponderExcluirpra completar o péssimo trabalho das grandes mídias, durante a transmissão do futebol na globo, ouvi falar que uma matéria do fantástico de hoje mostraria um "medium" brasileiro sendo entrevistado pela oprah winfrey!
O que sempre me chama a atenção em todos esses estudos é que ninguém realmente leva em conta de como o sudário chegou a nós.
ResponderExcluirNão precisamos ir longe, basta saber que os judeus jamais tocariam em algo que esteve em contato com um cadáver, ainda mais na época de Jesus. Porque vocês acham que mandavam as mulheres, seres inferiores para eles, fazer esses trabalhos de preparação de cadáver?
Sem contar o fato que é muito duvidoso e sem nenhum atestadamente real de que tenham enterrado o corpo dele, já que a tradição era deixar apodrecer na cruz os condenados ou servir de alimento aos animais selvagens.
O papinho de que um José de Arimatéia, surgir do nada e sem ter nenhuma confirmação de sua existência é mais risível ainda.
Em toda a história, apenas um corpo de um crucificado foi encontrado entre milhares, se não milhões, de exumamentos que foram feitos em Israel e nos países vizinhos.
Uma lenda que foi moldada por séculos e enraizada com intuito de poder e dinheiro.
Antigamente se ganhava prestígio com relíquias sagradas, hoje continuam, mas tem gente que enche o bolso com livros, palestras e vendas.
Não é questão de acreditar. É uma questão de lógica e, porque não dizer, de conhecimento histórico.
O importante para mim não é saber se o Sudário é verdadeiro ou não. O importante é que eu acredito em Deus e Jesus Cristo mesmo sem provas materiais, porque se houver essas provas seria muito fácil acreditar,deixaria de existir a fé, e a fé não precisa de provas.Fé cientista algum vai conseguir explicar. Jesus morreu já ha mais de 2000 anos e continua a incomodar os estudiosos, como foi em sua época,por isso foi crucificado,e hoje o continua sendo na Fé dos Cristãos.
ResponderExcluirJosé Nilton,
ExcluirSou um ateu convicto, porém respeitador da fé. Veja, da fé e não das religiões, principalmente das mercantilistas. Seu texto exprime muito bem o que penso sobre religião. Sim tenha fé, mas sem que sejam necessários provas, imagens, sudários, livros pseudo-divinos, dízimos, ministros religiosos, etc. E o mais importante, não deixe a fé embotar o seu cérebro.
Parabéns.
João
Esse comentário me lembrou uma citação que li na NatGeo brasileira deste mês.
Excluir"Quando comento com Thomas Michelet que Maria Madalena talvez nunca tenha estado na Provença, ela replica: 'Um padre viveu na caverna por décadas. Disse que, embora seja impossível saber se Maria Madalena veio mesmo para cá no século 1, isso não tem mais grande importância. Agora ela está aqui'."
Que me desculpem os profundamente crentes, mas crer sem provas é pedir pra ser enganado por quem parecer ter mais fé que você, mesmo ele estando errado.
Sobre a figura de Jesus é interessante ver a que foi Psicografada por Chico Xavier, ou aprovada por ele, recebida por um médium. Um Jesus alto loiro e de olhos azuis. As revistas espiritas sempre usam essa imagem nórdica de Jesus.
ResponderExcluirSou católico e acredito (sem imposição alguma da Igreja) que o sudário seja o manto que envolveru Cristo.
ResponderExcluirRecomendo àqueles que gostariam de realmente "estudar" o sudário o seguinte site: http://www.shroud.com/
É curioso que antes de fazerem o teste do carbono 14 observaram que a amostra recolhida tinha densidade maior do que o resto do tecido; e este teste foi recusado por inúmeros cientistas por diversos problemas.
Se quiseres saber um pouco da especulada história do sudário antes do séc 14 deverias procurar saber o que é o Mandyllon e sua influência na arte sacra.
Não se sabe até hoje como a imagem foi parar no tecido - e porque não há imagem/deformação onde há sangre, moedas flores... - dizer que foi mal-desenhada no tecido é algo hilário.
É muito curioso que vc não diz que a imagem de Garlaschelli feita com óxido de ferro - encontrado em pequeníssima proporção no sudário - não consegue reproduzir outras propriedades do sudário como a tridimensionalidade. Aliás em pleno séc XXI nem pra fazer a negatividade direito.
E que tal comentar também das descobertas confirmadas pelo holograma feito com base no sudário?
http://shroud3d.com/findings/findings-in-the-three-dimensional-materials
E que tal falar do dedão da mão que está contraído por causa do prego no nervo do pulso? (descoberta da medicina no séc XVIII)
Se eu me recordasse das demais coisas que estudei citava por aqui, mas infelizmente não tenho boa memória.
Está tendo uma exposição no Via Parque Shopping (Rio de Janeiro - RJ) até 6 de maio sobre o sudário. Vai lá dar um olhada.
Alvaro
Oi, Alvaro!
ResponderExcluirBom, já que você deixou o seu link para o "estudo sério" do sudário, aqui vai o meu:
http://freeinquiry.com/skeptic/shroud/
Prosseguindo:
A imagem atual do sudário realmente contém apenas pouca quantidade de óxido de ferro. Isso porque ela é residual, feita de fibras de linho desgastadas tanto pelo poder corrosivo do óxido quanto pela têmpera de colágeno usada para fixá-lo, além do passar do tempo.
O óxido de ferro em sua maior parte se soltou ao longo dos séculos, como seria de se esperar. Mas o fato é que o pouco óxido de ferro que resta está todo na área da imagem e não no linho limpo. Por que será?
Quanto às propriedades que você cita (tridimensionalidade, negativo) elas foram, sim, reproduzidas várias vezes, não só por Garlaschelli, mas também por Joe Nickell, e outros. O chamado "efeito holográfico" do sudário é, aliás, altamente exagerado: ele só surge depois de várias "correções" matemáticas.
Aliás, falando em negatividade, o sudário nem é um negativo perfeito: os cabelos e a barba, por exemplo, são positivos (ou isso, ou Jesus tinha cabelos e barbas brancos quando foi crucificado).
Moedas? Flores? Onde você viu isso? Até o pessoal da STURP, os estudiosos que nos anos 70 lutaram para que o sudário fosse dado como real, reconhecem que são apenas ilusões causadas pelas manchas de umidade no tecido e pelo "estouro" dos pontos da imagem causado por ampliações indevidas.
Quanto ao "dedão contraído", essa foi uma desculpa inventada para explicar por que a imagem só tem quatro dedos numa das mãos. E o fato é que o braço direito da imagem é mais comprido que o esquerdo e que a figura é anormalmente esticada (um médico chegou a propor, por conta disso, que Jesus sofria de uma doença genética deformante). A imagem é mais compatível com pintura gótica do que qualquer outra coisa.
Outro sinal de criação artística são os fios de sangue que aparecem, nitidamente, na cabeça: sangue de verdade não escorre desse jeito pelo cabelo, mas sim encharca-o, grudando nos fios.
E se Jesus foi, como diz João, sepultado segundo o rito judeu, isso significa que seu corpo foi lavado, o cabelo e as barbas cortados, antes da deposição do cadáver na tumba. Como o sudário pode ter, então, tantas manchas "de sangue" e o "corto", ainda estar com barbas e cabelos longos?
E, de novo, temos a questão do memorando do bispo D'Arcis falando da confissão do pintor, e da ausência de qualquer registro do sudário na história antes de 1354.
Por fim, o Mandylion: trata-se de uma relíquia mítica, um retrato de Jesus que teria feito parte do tesouro do Império Bizantino. Existem, hoje, duas supostas cópias, uma no Vaticano e uma em Gênova.
Algumas pessoas dizem que, na verdade, o Mandylion era o sudário dobrado, de modo a mostrar só a cabeça (o que não explica como o linho atual não está mais desgastado na parte do rosto, que teria sido a única fração exposta durante séculos, do que no resto da imagem). Outras, que o Mandylion original foi copiado do sudário.
Mas, primeiro, nenhuma das lendas sobre a origem do Mandylion menciona o sudário -- na verdade, todas dizem que a relíquia foi produzida por Jesus quando ainda vivo: ele teria usado um lenço para enxugar o rosto, deixando a imagem milagrosamente impressa.
Segundo, se o imperador tinha o sudário em seu poder, por que ele não consta em nenhuma das listas de relíquias da corte? Novamente: a mortalha de Jesus só aparece, documentada, no século 14.
Por fim, a iconografia: há quem diga que a imagem tradicional de Jesus, barbado e de cabelos compridos, surgiu do sudário, que foi sendo copiado ao longo dos séculos. Mas, se o sudário é a fonte original e já existia no século 1, por que as primeiras imagens de Jesus mostram um jovem imberbe e de cabelos cacheados? Os artistas, em tese, tinham a imagem original para copiar!
O mais lógico é supor que o sudário reflete a imagem tradicional de Jesus que foi sendo criada ao longo da história, e não o contrário.
Esse debate sobre religião sempre vai existir, assim como sempre vai existir gente que cai em golpes de bilhete premiado, "mudo sua vida em 7 dias" e por aí vai. O fato é que as pessoas querem acreditar e elas não pensam racionalmente, somente com a emoção, é como quando vamos ao cinema ver Chuch Norris e outros matarem um exército sozinhos, sabemos que isso é impossível mas gostamos do fantástico, nos agrada. Elas acreditam que toda religião é verdadeira (cada qual com a sua), o que devemos começar a pensar com todo este avanço que tivemos na ciência é até quando vamos querer que decisões, sob a batuta do religioso, conduza e decida nossas vidas, acho que deviamos separar a religião do Estado totalmente e da ciência também, faça a religião quem quiser fazer mas no seu canto sem invadir a vida dos outros. Infelizmente não somos um Estado laico como dizem, muitas decisões são orientadas e decididas por grupos religiosos (veja o exemplo da bancada evangélica em Brasília). As religiões criaram as defesas perfeitas para perpetuar o seu poder de inserção e persuasão, podemos sempre provar a falsidade de mitos, como a do sudário de Turim, que eles vão falar de blasfemia, é o demônio, jesus te ama e vários outros. Nunca vamos inserir lógica em algo ilógico, falar de verdade para algo fantástico. O José Nilton, logo acima está certo, fé cientista nenhum pode explicar para alguém que tem, ele não vai entender, "O importante é que eu acredito em Deus e Jesus Cristo mesmo sem provas".
ResponderExcluirDevemos só ter cuidado para que não aconteça o que aconteceu na inquisição da idade media, holocausto e com o World Trade Center.