Quando o cara ganha um Nobel e começa a falar bobagem...

Há vários casos famosos, como o de Linus Pauling, cuja enorme autoridade -- ganhador de dois prêmios Nobel, e certamente um dos químicos mais importantes do século passado -- ajudou a lançar a indústria dos  (largamente inúteis, quando não perigosos) suplementos dietários de vitamina. Ou, em tempos recentes, Luc Montagnier, um dos descobridores do vírus HIV, que defendeu a "memória da água" e a associação entre vacinas e autismo. Mas há mais, muitos mais.

Por que isso acontece? E quem são os outros exemplos mais acintosos? Tudo isso eu conto numa reportagem para a revista Galileu de setembro, que deve estar chegando às bancas por estes dias e que também inclui um artigo meu sobre picaretagem quântica, na seção Olhar Cético.

A reportagem sobre os nobéis, por falar nisso, traz entrevistas que fiz com físico -- cético, racionalista, ateu e, também, nobelista -- Steven Weinberg, sobre as eventuais excentricidades de seus colegas de prêmio, e com David Gorski, autor do blog Science-Based Medicine e um dos principais críticos do uso do Nobel para a promoção de ideias pseudocientíficas.

Comentários

  1. Cientistas não estão livres de ideias estranhas. Não sei se há uma concentração maior entre os nobelistas - chegou a fazer essa comparação na reportagem?

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    1. Não... Mesmo porque encontrar a taxa de "cranks" ente a população geral de não-nobelistas seria quase impossível. A hipótese que surge da apuração é de que a autoridade conferida pelo Nobel parece estimular a vinda à tona do "crank interior", digamos, liberando a criatividade, talvez necessária para se chegara o prêmio, das inibições e amarras que a tornavam realmente útil e produtiva.

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  2. Levando em conta que o tempo de uma pessoa é finito e que o grau de esforço necessário para ter um trabalho digno de Nobel é muito alto, minha hipótese é que os ganhadores tendem a ser pessoas que se dedicaram muito tempo a sua pesquisa e praticamente nenhum a todo o resto.

    Por isso não eles teriam conhecimento acima do senso comum em qualquer assunto que seja muito diferente da sua pesquisa, o que abre espaço para pseudo-ciência. O peso do Nobel apenas dá mais voz e peso as suas opiniões, pois tendemos a crer que uma pessoa é simplesmente inteligente ou não, independente do assunto.

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  3. "Há vários casos famosos, como o de Linus Pauling, cuja enorme autoridade -- ganhador de dois prêmios Nobel, e certamente um dos químicos mais importantes do século passado -- ajudou a lançar a indústria dos (largamente inúteis, quando não perigosos) suplementos dietários de vitamina."
    Receio que Linus Pauling foi injustiçado nesse comentário. Cada vez mais a humanidade se alimenta de porcarias processadas e sofre com o deficit de muitos nutrientes. Não seria mais pseudociência supor que a suplementação é dispensável?

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    1. Oi, estevan! Há fortes indício científicos de que o excesso de antioxidantes, como vitamina C, estimula o desenvolvimento de tumores. As "porcarias processadas", muitas vezes, já vem com reforço de vitaminas de fábrica, até por questão de marketing; exceto em casos muito específicos, como o uso de ácido fólico por gestantes, a suplementação é inútil ou mesmo perigosa. E nem sou só eu quem diz isso, pode checar aqui: http://www.nytimes.com/2013/06/09/opinion/sunday/dont-take-your-vitamins.html?pagewanted=all

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    2. Obrigado pelo esclarecimento, Carlos.
      Abraço!

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  4. Puxa vida Orsi, eu estava desenvolvendo uma postagem justamente sobre cientistas falarem (ou fazerem) besteira de vez em quando. Pelo visto cheguei tarde... uahuahuahuahua...

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