Competindo com um robô virtual

Sentir-se deixado para trás pela competição – mesmo uma competição falsa, virtual – aumenta o engajamento de voluntários em projetos científicos, sugere um pequeno estudo realizado nos Estados Unidos, descrito no periódico Journal of the Association for Information Science and Technology. O trabalho, que teve como base uma iniciativa de “citizen science” da Universidade de Nova York, envolveu 120 voluntários inscritos num projeto de monitoramento ambiental, o Brooklyn Atlantis.

Nesse projeto, cidadãos são convidados a analisar fotografias tiradas por um robô que nada num rio poluído e a identificar os objetos que aparecem nas imagens – sejam pedaços de lixo, animais ou, mesmo, pessoas. Para a realização do experimento sobre o poder da competição, a interface do programa mudou para registrar a performance de um “parceiro virtual”, que supostamente também estaria envolvido na atividade de identificar as imagens. A performance era medida pelo número de imagens trabalhadas.

Esse “parceiro”, na verdade, era um algoritmo. Parte dos 120 voluntários passou a ver o desempenho de um parceiro que “trabalhava” mais do que eles no projeto (a interface revelava que o parceiro havia identificado mais imagens que o voluntário); parte, um parceiro que trabalhava menos; parte, um voluntário com desempenho igual. Outros dois grupos ganharam um parceiro com desempenho independente, e um último foi mantido sem parceiro, como controle.

No fim, o grupo que era consistentemente superado pelo parceiro foi o que trabalhou mais durante o estudo; o grupo com o parceiro ineficiente foi o mais preguiçoso. “Nossos resultados demonstram que a contribuição dos participantes pode ser ampliada pela presença de um parceiro virtual, criando um ciclo de retroalimentação onde os participantes tendem a aumentar ou reduzir suas contribuições em resposta à performance do parceiro”, diz o artigo. “Ao incluir parceiros virtuais que sistematicamente superam os participantes, demonstramos um aumento de quatro vezes na contribuição ao projeto”. O artigo original pode ser encontrado aqui. Esta nota faz parte da Coluna Telescópio do Jornal da Unicamp.

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