Censo do paranormal



Atlântida, casas mal-assombradas e alienígenas do passado são as três crenças paranormais (eu diria, pseudocientíficas) mais prevalentes entre a população dos Estados Unidos em 2017, de acordo com pesquisa conduzida pela Universidade Chapman, da Califórnia.A pesquisa Paranormal America é  uma espécie de apêndice da  Survey of American Fears, que a cada ano pergunta aos americanos do que eles mais têm medo. A grande novidade da pesquisa sobre medo deste ano, em relação à do ano passado, é que a política de saúde de Donald Trump superou o terrorismo na segunda posição (a primeira segue sendo ocupada pela corrupção).

De acordo com o levantamento sobre crenças paranormais, 75% da população se fia em alguma delas, sejam alienígenas, videntes, Pé-Grande ou almas penadas (a lista completa aparece na imagem no alto desta postagem). A análise demográfica dos respondentes indica que baixa renda e alta religiosidade são os dois fatores que mais se correlacionam com crença no paranormal. 

Curiosamente, o terceiro fator mais importante é baixa frequência a serviços religiosos -- ou seja, a pessoa se vê como religiosa, mas não vai muito à igreja. Outros fatores de destaque são sexo feminino e conservadorismo.

Cada uma das crenças paranormais da lista representa o que alguns especialistas chamam de "falha da comunicação científica", o que quer dizer que existe, a respeito de cada uma delas, uma "settled science" (literalmente, "ciência assentada"; o que poderíamos chamar de consenso científico) que é contraditada, ou ignorada, por uma parcela razoável da população. 

Esse estado de coisas sugere que a informação científica correta não foi bem comunicada -- daí a "falha". O dado correto ou não chegou a essas pessoas, ou não chegou de forma inteligível, ou... Enfim, hipóteses sobre o que causa o fenômeno abundam, desde a velha "teoria do déficit" -- falta acesso ao conhecimento científico -- até sugestões mais sofisticadas, como a teoria da falta de reconhecimento: a informação científica existe, é clara e é acessível, mas não é reconhecida como tal (afinal, por que o que esse arqueólogo diz vale mais do que o que aparece em Alienígenas do Passado?)

 Esse tipo de problema pode parecer até meio divertido quando o assunto é Atlântida ou Lemúria, mas ganha contornos mais sinistros quando se trata da crença em videntes e paranormais (19% da população) que muitas vezes pedem dinheiro ou doações por seus serviços, e assume ares de risco à saúde pública quando saímos dol campo da mera "paranormalidade" e entramos no mundo das curas ditas alternativas.

Numa nota mais leve, é curioso ver que civilizações perdidas têm muito mais aderentes do que os deuses astronautas. Os dois mercados tinham uma grande sobreposição até poucos anos atrás, quando o guru das civilizações perdidas, Graham Hancock, resolveu pôr os aliens de lado. Mas Erich von Däniken está lançando um novo livro, então talvez a disputa volte a se acirrar...

Comentários

  1. Bom, no Brasil reencarnação e vida após a morte são crenças consideradas fatos da vida por muita gente.

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