Bactérias em meteoritos? Esperemos para ver
O pesquisador Richard Hoover, da Nasa, acredita ter encontrado sinais de que bactérias viveram no interior de pelo menos três meteoritos -- quando esses meteoritos ainda eram parte de asteroides girando pelo espaço. A hipótese e as evidências oferecidas em apoio não foram publicadas numa revista científica de grande prestígio, no entanto, e sim no Journal of Cosmology, uma publicação online conhecida por dar apoio a propostas altamente especulativas, quando não francamente visionárias, e talvez não num bom sentido (como esta tentativa de desprovar o Big Bang).
Em comparação, a possibilidade de o meteorito marciano ALH 84001 conter traços de vida extraterrestre foi apresentada, em 1996, na revista Science, um dos mais ortodoxos meios de divulgação de ideias e estudos científicos -- e a autenticidade da descoberta ainda é debatida até hoje, com novos argumentos em torno da questão tendo sido apresentados em 2009.
Assim como no caso de ALH 84001, a tese de Hoover depende de uma série de estruturas, semelhantes a tubos, encontradas nos meteoritos, e que se parecem bastante com vestígios de bactérias. As imagens abaixo mostram um dos tubos internos do meteorito e, depois, uma bactéria real. Compare:
Tendo em vista o precedente, o destino do trabalho de Hoover parece ser também uma longa controvérsia, e por dois motivos: primeiro, demonstrar que uma origem biótica para os tubos é mais provável que uma origem química ou mineral; e, depois, demonstrar que os seres vivos responsáveis pelos tubos realmente trabalharam no espaço e não foram micróbios terrestres que entraram nos meteoritos depois da queda.
Sobre esse último ponto, Hoover escreve:
"Muitos dos filamentos mostrados nas figuras estão claramente integrados à matriz rochosa do meteorito. Consequentemente, conclui-se que os filamentos (...) não podem, logicamente, ser interpretados como cianobactérias filamentosas que invadiram o meteorito após sua chegada. Eles são, portanto, interpretados como vestígios nativos de microfósseis que estavam presentes na matriz rochosa do meteorito antes de sua entrada na atmosfera da Terra."
Ele está certo? É cedo para dizer, e ao menos por enquanto a hipótese merece ser tratada com ceticismo. Muita gente está ansiosa pela descoberta de vida fora da Terra (eu, por exemplo) e a ansiedade é, no geral, uma criadora de ilusões e péssima conselheira.
Em comparação, a possibilidade de o meteorito marciano ALH 84001 conter traços de vida extraterrestre foi apresentada, em 1996, na revista Science, um dos mais ortodoxos meios de divulgação de ideias e estudos científicos -- e a autenticidade da descoberta ainda é debatida até hoje, com novos argumentos em torno da questão tendo sido apresentados em 2009.
Assim como no caso de ALH 84001, a tese de Hoover depende de uma série de estruturas, semelhantes a tubos, encontradas nos meteoritos, e que se parecem bastante com vestígios de bactérias. As imagens abaixo mostram um dos tubos internos do meteorito e, depois, uma bactéria real. Compare:
Tendo em vista o precedente, o destino do trabalho de Hoover parece ser também uma longa controvérsia, e por dois motivos: primeiro, demonstrar que uma origem biótica para os tubos é mais provável que uma origem química ou mineral; e, depois, demonstrar que os seres vivos responsáveis pelos tubos realmente trabalharam no espaço e não foram micróbios terrestres que entraram nos meteoritos depois da queda.
Sobre esse último ponto, Hoover escreve:
"Muitos dos filamentos mostrados nas figuras estão claramente integrados à matriz rochosa do meteorito. Consequentemente, conclui-se que os filamentos (...) não podem, logicamente, ser interpretados como cianobactérias filamentosas que invadiram o meteorito após sua chegada. Eles são, portanto, interpretados como vestígios nativos de microfósseis que estavam presentes na matriz rochosa do meteorito antes de sua entrada na atmosfera da Terra."
Ele está certo? É cedo para dizer, e ao menos por enquanto a hipótese merece ser tratada com ceticismo. Muita gente está ansiosa pela descoberta de vida fora da Terra (eu, por exemplo) e a ansiedade é, no geral, uma criadora de ilusões e péssima conselheira.
Carlos,
ResponderExcluirComo uma bactéria poderia sobreriver à entrada em nossa atmosfera e também ao impacto do meteorito no solo?
Oi, Norbert! Em princípio, se ela estiver bem enfurnada no interior do meteorito, a própria rocha poderia protegê-la, como o casco da nave espacial protege os astronautas. Mas note que, para os vestígios nos meteoritos serem de origem bacteriana, não é preciso que as bactérias estivessem vivas quando a pedra atingiu o solo: elas poderiam ter deixado suas marcas quando a rocha que viria a ser o meteorito ainda era parte de outro planeta, ou de um asteroide, e morrido depois.
ResponderExcluir"Eles são, portanto, interpretados como vestígios nativos de microfósseis que estavam presentes na matriz rochosa do meteorito antes de sua entrada na atmosfera da Terra."
ResponderExcluirMas e o tempo que esse meteorito ficou alí? Essa bactéria não pode ter tempo suficiente para se "adaptar" a nova casa? Bem, vamos esperar. Torço para que seja verdade.
Olá Carlos!
ResponderExcluirPubliquei no meu blog um texto sobre as críticas que foram feitas ao artigo de Hoover. Segue o link para os interessados:
http://cienciaumavelanoescuro.haaan.com/?p=187
um abraço,
André