Como o pênis humano perdeu seus espinhos

Não consigo deixar de imaginar que não é mera coincidência a Nature publicar este artigo na mesma semana do Dia Internacional da Mulher.

Cientistas analisaram 510 sequências de DNA que são muito comuns em chimpanzés e outros mamíferos, mas que desapareceram do genoma humano. Esses trechos sumidos são regulatórios -- controlam a intensidade da expressão de outros genes. Um desses pedaços que faltam no genoma humano, por exemplo, tem a função de impedir o crescimento de certas partes do cérebro.

Mas o que realmente chamou atenção foi o sumiço de uma sequência que administrava um gene ligado ao controle hormonal masculino.

Aparentemente, sem esse fragmento específico, os homens não desenvolvem bigodes sensíveis -- como o dos gatos -- e espinhos no pênis.

Diversas espécies de mamíferos têm machos equipados com isso: espinhos de queratina, que se fixam no interior da vagina durante o coito. De acordo com este artigo sobre o cio dos felinos, "é incerto se, no momento da remoção do pênis, a gata grita de dor ou de prazer". É possível que os espinhos ajudem a estimular a ovulação, e tornem a cópula mais curta.

O sumiço dos espinhos, portanto, permite um intercurso mais prolongado, possivelmente menos traumático para a fêmea e, se a tese da ovulação estiver correta, reduz a probabilidade de gravidez.

Você pode ler mais sobre o assunto neste despacho da Reuters. De minha parte, fico me perguntando: se o ser humano foi criado por um designer inteligente e se esse designer realmente queria que o sexo fosse reservado para a reprodução, por que os gatos têm esses espinhos e a gente, não? Talvez os gatos sejam o verdadeiro objeto da criação! (JBS Haldane tinha apostado nos besouros, mas agora fiquei na dúvida).

Comentários

  1. Ótimo texto e perfeita a indagação do final.
    Se no meu percurso ao ateísmo tivesse acesso à informação como agora, teria sido menos traumático e mais elucidativo. Mais um ponto para Darwin e para a humanidade.

    ResponderExcluir
  2. É ingênuo pensar que os espinhos causam dor. Em cada espécie o prazer sexual requer que o parceiro tenha as características próprias da espécie.

    Quanto ao papel do gato na criação, já tive gatos e acredito piamente nisto:

    "Deus criou o Gato para que o Homem não pense que todas as criaturas foram criadas para servi-lo." -- Mark Twain

    ResponderExcluir
  3. Se o sexo fosse apenas para fins de reprodução, nem seriam necessários os espinhos. Bastaria que as cegonhas existissem ou que não houvessem orgasmos.

    Abraços!

    ResponderExcluir
  4. Parece que esse gene era um grande incentivo à homossexualidade feminina.

    ResponderExcluir
  5. E de desestímulo ao masculino, né, Cris?

    ResponderExcluir
  6. Oi, Jorge! Mas os gatos têm cio, né? O processo pode ser doloroso no momento da remoção, e ainda assim o instinto que toma conta da gata na época certa ser mais forte que o efeito aversivo...

    ResponderExcluir
  7. "É ingênuo pensar que os espinhos causam dor"

    É que espinho no gato dos outros é refresco...

    ResponderExcluir
  8. Mas a maioria das espécies animais têm espinhos? Não sei... Fiquei curioso sobre essa proporção nos diferentes graus de proximidade da espécie humana. Tipo: espinhos penianos em vertebrados e invertebrados, em vertebrados apenas, em anfíbios, répteis, aves, mamíferos, primatas, etc.

    Talvez espinhos penianos sejam exceção, e não regra.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

A maldição de Noé, a África e os negros

O zodíaco de 14 constelações e a Era de Aquário

Meteoro!