Ciência e fé

No fim do mês, estarei no SESC de Curitiba para dar uma palestra sobre Ciência e Fé -- mais precisamente, o tema oficial é "as diferenças entre fé e ciência como formas de produzir conhecimento e de justificar crenças".

O convite para falar na capital paranaense surgiu já há vários meses, e desde então ando relendo vários clássicos pertinentes ao tema, e baixado outros tantos, furiosamente, no meu Kindle.

Nesse meio tempo, no entanto, também acabei me envolvendo em outros projetos, como esta reportagem para a Galileu, a revisão e a preparação de notas para O Livro dos Milagres, a organização, ao lado de Marcelo Augusto Galvão, de uma antologia nacional de contos de Sherlock Holmes, a manutenção deste blog, a redação de uma novela de ficção científica e, desde o início de agosto, o emprego novo.

O resultado é que, embora eu já tenha todo o material para a palestra pronto e organizado, anda faltando tempo para sentar e pôr as ideias em ordem no papel.

Eu até que sou um razoável orador de improviso (o Lula fez o favor de baixar bem as expectativas quanto ao que conta como um bom improvisador), mas seria, no mínimo, descortês (para não dizer temerário) chegar lá sem pelo menos um roteiro bem amarrado.

Como o blog também anda meio de lado, resolvi unir o útil ao agradável (ou o agradável ao agradável) e usar este espaço para organizar algumas ideias. Não vou postar o texto da palestra aqui, mas esboçar alguns tópicos:

1. Definições

Afinal, do que estamos falando quando nos referimos a "ciência" e a "fé"? Só essa discussão já poderia levar o dia inteiro (ou mais), então é preciso achar uma versão resumida.

2. Compatibilismo

Fé e ciência são compatíveis? De um ponto de vista estritamente prático, é claro que são: há diversos exemplos de cientistas que também são pessoas de fé. Mas compatibilidade psicológica superficial é diferente de compatibilidade lógica, epistemológica e, até mesmo, de compatibilidade psicológica profunda. E aí?

3. Divergência

Tanto a fé quando a ciência se apresentam como fontes de informação sobre o mundo. Na Idade Média, acreditava-se que não poderia haver conflito entre ambas, porque as duas apontariam para uma mesma Verdade. Isso, no entanto, não parece ter dado certo. Não deu mesmo? Por quê?

4. Considerações éticas

Existe uma "ética da crença"? Na presença de caminhos diferentes para a formação de crenças e opiniões, há um "caminho moralmente certo" e um "caminho moralmente errado", ou a escolha entre os caminhos é moralmente neutra? Como a forma pela qual adotamos nossas crenças afeta o mundo ao nosso redor?

5. Considerações finais, conclusão, abertura para o debate.

Agora, imagino que vou passar o feriado pondo carne e tendões nesse esqueleto. Quem estiver na capital do Paraná no dia 27 e quiser ver como me saí, os detalhes de horário e local estão aqui.

Comentários

  1. Infelizmente não poderei comparecer à palestra, pois moro à cerca de 10.000 km de Curitiba... Esse é o assunto que mais me interessa no momento, e provavelmente o maior motivo para acompanhar diariamente o blog. Se, por acaso, a palestra for gravada (o que hoje em dia é bastante facilitado pela tecnologia: basta um laptop, por exemplo), peço encarecidamente a disponibilização da mesma. Obrigado e boa palestra.

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