Clonagem de mamute: origens

Você percebe que está ficando velho nesse negócio de divulgação científica quando vê uma notícia fresquinha e se lembra de já ter conversado com os protagonistas da história na década passada.

O caso da clonagem de mamute, por exemplo: em 2008, entrevistei um dos cientistas japoneses que agora está envolvido no projeto,Teruhiko Wakayama, que havia acabado de publicar um artigo científico a respeito da clonagem de camundongos congelados na revista científica PNAS.

Nos e-mails que trocamos então, Wakayama dizia esperar que que a tecnologia estaria madura para permitir tentar a criação de um mamute vivo - com o uso de um núcleo de célula de mamute congelado e um óvulo de elefante, a mesma técnica descrita nas notícias mais recentes - "dentro de 20 anos".

Agora, ele integra uma equipe que espera conseguir o feito dentro de seis anos, ou após apenas 11 anos da combinação original sobre camundongos.


Mas nem tudo são flores. Também em 2008, entrevistei Stephan Schuster, um dos responsáveis pelo sequenciamento do genoma do mamute, que me disse, com todas as letras, que aproveitar o DNA de um animal morto e congelado recentemente é ordens de grandeza mais fácil do que usar material genético de um bicho congelado há milhares de anos.

Basicamente, porque o DNA se quebra com o tempo. Schuster disse que não havia um único núcleo celular intacto para aproveitar no mamute que sua equipe estudou. Nem mesmo a divisão das cadeias de DNA em cromossomos estava preservada. Agora, os cientistas que trabalham com Wakayama dizem ter conseguido "de 2% a 3%" de núcleos celulares de mamute em bom estado.

Entre os desafios técnicos à frente da equipe internacional está o fato de que ninguém ainda realizou a clonagem de um elefante, e nem uma transferência de embrião para o ventre uma elefanta -- passo que será necessário para gestar o eventual embrião de mamute.


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