O ano mais quente já registrado. De novo.

E eis que 2010 empata com 2005 como o ano mais quente já registrado na história. A Nasa produziu um gráfico sobrepondo a série histórica da "anomalia" registrada temperaturas médias mundiais de quatro instituições, deixando evidente a concordância, tanto nos valores quanto (claro) na tendência de alta:


A anomalia é o desvio em relação à temperatura média do período. Como se vê, o gráfico dançou em torno da média de 1930 a 1980, e disparou para cima a partir de então. Abaixo, dois mapas, um da Nasa e um do Met Office britânico, coma intensidade da anomalia no ano passado, por região do globo:


As áreas cinzas no mapa do Met Office representam regiões sem cobertura de estações meteorológicas locais. O mapa da Nasa preenche essas lacunas extrapolando os dados da estação mais próxima.

Uma questão que sempre aparece quando se fala em aquecimento global é o problema da "culpa" da atividade humana. Os fatos, no entanto, são bem simples: de todas as "forçantes" -- isto é, fatores que plausivelmente poderiam afetar o clima -- conhecidas, a única que aumentou, nos últimos séculos, de forma consistente com a temperatura global foi a concentração de CO2 na atmosfera. Quem está pondo Co2 na atmosfera somos nós. That's it.

Isso acontece porque o CO2 é opaco para a radiação infravermelha gerada quando o Sol aquece o solo. Essa radiação fica aprisionada na atmosfera terrestre, como a luz de uma lâmpada acesa dentro de uma caixa preta. Como energia não pode ser criada nem destruída, o fato de o infravermelho não conseguir escapar da Terra faz com que o planeta esteja estocando energia solar, como uma estufa. Isso é química básica e física elementar.

Essa energia estocada acaba alimentando eventos climáticos extremos, como vendavais, furacões e tempestades.

A questão de se um determinado evento (como as chuvas no Estado do Rio de Janeiro) é causado pela mudança climática é complexa porque o que o efeito estufa faz é garantir que haja mais energia disponível para desencadear esses eventos, o que os torna mais prováveis, mas não dá para estabelecer uma relação causal direta.

É, digamos, como se o clima fosse definido por um lance de dados de Thor, o deus do trovão, com eventos catastróficos ocorrendo sempre que o dado rola um 6. O que o acúmulo de CO2 faz é viciar o dado, fazendo com que o 6 apareça mais do que o normal. Determinar se um evento foi causado pela mudança climática equivale a determinar se o dado teria dado 6 mesmo se não tivesse sido viciado -- um exercício virtualmente impossível.

Ah, sim: fala-se muito em atividade solar como uma forçante, mas essa atividade atingiu níveis extremamente baixos em 2008 e 2009, com cerca de 80% dos dias em ambos os anos sem manchas solares, o que não impediu que os dois estivessem entre os mais quentes já registrados.

Comentários

  1. Carlos, vou levantar o conceito de que o problema para o planeta não são as emissões excessivas de CO2. O problema maior é a emissão de O2. Se reduzirmos estas emissões, aí sim, acabaremos com quem destroi tudo por aqui ... E pense no tamanho dos tomates que aqui existirão!
    Mas falando sério, um ingrediente mais grave que o próprio CO2 é o metano. Suas emissões conforme o planeta for aquecendo podem acelerar em muito todo este processo.
    E que não culpem apenas as vaquinhas por isto.

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  2. Para fazer um contraponto ao seu texto, achei esta entrevista bastante interessante. Eu já a havia lido há um ano e os argumentos são bons. O que acha disso?

    http://noticias.uol.com.br/ultnot/cienciaesaude/ultnot/2009/12/11/nao-existe-aquecimento-global-diz-representante-da-omm-na-america-do-sul.jhtm

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  3. Oi, Juca! Existe uma boa explicação (infelizmente, em inglês) aqui:

    http://www.ucsusa.org/global_warming/science_and_impacts/science/global-warming-faq.html

    O ponto principal é que nenhum modelo teórico é capaz de explicar o tamanho das anomalias de temperatura da Terra sem usar o CO2 de origem humana como forçante.

    Além disso, o dado de que o CO2 injetado pelo homem na atmosfera não faz diferença, por exemplo, é simplesmente falso. Entre o início da revolução industrial e a déacda de 50 do século passado, a concentração de CO2 na atmosfera aumentou 50%, mas não há registro de que tenham ocorrido 50% mais erupções vulcânicas. Há uma boa referência a respeito aqui:

    http://www.whrc.org/resources/primer_fundamentals.html

    De resto, sempre vale a pena lembrar o conselho de Bertrand Russell: quando os especialistas de uma área são virtualmente unânimes quanto a uma questão, o melhor que o leigo tem a fazer é acatar a opinião deles.

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