Será que os ETs também precisam conhecer Jesus?
No começo da semana, bloguei sobre a mais recente edição da revista científica britânica Philosophical Transactions of the Royal Society A, que é toda dedicada à questão da busca da vida fora da Terra e dos possíveis impactos de um resultado positivo na cultura e na sociedade. Um artigo que cheguei a mencionar, mas que não discuti em detalhe foi o sobre ETs e religião, escrito por Ted Peters.
Peters apresenta os resultados de uma pesquisa de opinião que fez com fiéis de várias denominações cristãs, a respeito do impacto potencial que a descoberta de vida alienígena teria em suas crenças. Ele descobriu que a maioria das pessoas acha que a existência de vida fora da Terra não enfraqueceria a convicção religiosa.
A tabela abaixo mostra o tipo de resposta dado pelos entrevistados à questão "A descoberta confirmada de uma civilização alienígena iria de tal forma contra minhas crenças que minhas crenças entrariam em crise":
Onde se percebe que as pessoas não-religiosas tendem a superestimar os efeitos da descoberta de civilizações extraterrestres sobre os sistemas religiosos do mundo. De qualquer forma, é extremamente provável que um conjunto de crenças capaz de sobreviver a milênios de desconfirmações práticas e de contradições internas realmente conseguiria matar no peito -- e sem grandes dificuldades -- a chegada de uma mensagem dos ETs.
(Um autor de ficcção científica infelizmente pouco conhecido, Tom Flynn, tem uma série de livros nos quais a Terra é mantida sob quarentena pelas autoridades extraterrestres, a fim de evitar que contaminemos o restante da galáxia com nossas bobagens religiosas e suas consequências -- preconceito, guerra, corrupção, etc.)
Mas a parte mais interessante do artigo de Peters é onde ele descreve a opinião de teólogos cristãos sobre o que deve ser uma questão candente: a encarnação e morte de Cristo na Terra foi suficiente para salvar todas as almas do Universo, ou cada planeta teve de viver sua própria versão da Paixão e da ressurreição? O autor apresenta três exemplos:
Paul Tilich ( protestante) e Karl Rahner (católico) parecem ambos acreditar que seria necessária uma encarnação em cada mundo. "A encarnação é única para o grupo especial em que ocorre... não é única no sentido de que outras encarnações singulares para mundos únicos são excluídas", escreve Tilich.
Já Wolfhart Pannenberg (também protestante), discorda. Para ele, a importãncia do Jesus da Terra é a mesma e igual até os confins do Universo.
Em termos de ficção científica, o tema já foi tratado por autores como Philip José Farmer, principalmente na série de aventuras espaciais do Padre Carmody, que aparecem no livro Night Of Light, e no fantástico romance Jesus on Mars. Já James Blish tratou do impacto teológico da descoberta de uma raça alienígena que ainda vive no Paraíso -- que não experimentou a queda -- em A Case of Conscience.
Peters apresenta os resultados de uma pesquisa de opinião que fez com fiéis de várias denominações cristãs, a respeito do impacto potencial que a descoberta de vida alienígena teria em suas crenças. Ele descobriu que a maioria das pessoas acha que a existência de vida fora da Terra não enfraqueceria a convicção religiosa.
A tabela abaixo mostra o tipo de resposta dado pelos entrevistados à questão "A descoberta confirmada de uma civilização alienígena iria de tal forma contra minhas crenças que minhas crenças entrariam em crise":
Fica claro que a maioria dos cristãos discorda, ou discorda fortemente, dessa avaliação. A tabela seguinte mostra o grau de concordância com a afirmação "Embora meu ponto de vista se mantivesse intacto, o contato com extraterrestres iria de tal forma contra as crenças tradicionais que as religiões entrariam em crise":
(Um autor de ficcção científica infelizmente pouco conhecido, Tom Flynn, tem uma série de livros nos quais a Terra é mantida sob quarentena pelas autoridades extraterrestres, a fim de evitar que contaminemos o restante da galáxia com nossas bobagens religiosas e suas consequências -- preconceito, guerra, corrupção, etc.)
Mas a parte mais interessante do artigo de Peters é onde ele descreve a opinião de teólogos cristãos sobre o que deve ser uma questão candente: a encarnação e morte de Cristo na Terra foi suficiente para salvar todas as almas do Universo, ou cada planeta teve de viver sua própria versão da Paixão e da ressurreição? O autor apresenta três exemplos:
Paul Tilich ( protestante) e Karl Rahner (católico) parecem ambos acreditar que seria necessária uma encarnação em cada mundo. "A encarnação é única para o grupo especial em que ocorre... não é única no sentido de que outras encarnações singulares para mundos únicos são excluídas", escreve Tilich.
Já Wolfhart Pannenberg (também protestante), discorda. Para ele, a importãncia do Jesus da Terra é a mesma e igual até os confins do Universo.
Em termos de ficção científica, o tema já foi tratado por autores como Philip José Farmer, principalmente na série de aventuras espaciais do Padre Carmody, que aparecem no livro Night Of Light, e no fantástico romance Jesus on Mars. Já James Blish tratou do impacto teológico da descoberta de uma raça alienígena que ainda vive no Paraíso -- que não experimentou a queda -- em A Case of Conscience.
É interessante que algumas pesquisas demonstram que a crença religiosa é algo inato do ser humano e até mesmo o auxiliou em sua evolução. Isto significa que não importam as mais contundentes evidências que se possa ter sobre vida fora da Terra, só veremos mudanças nas explicações religiosas, adaptações, textos com novos significados ou ainda a criação de novas religiões ou mesmo denominações cristãs.
ResponderExcluirPensando na profusão de planetas habitáveis que estatisticamente devam existir Universo a fora, Cristo deve demorar a retornar por aqui. Para quem disser "Aguarde que Ele voltará", avise para esperar um bom tempo sentado.
ResponderExcluirPara o bem de todos, é melhor que ele tenha resolvido toda a questão do Universo apenas com sua passagem por aqui.
O que acho mais interessante e peculiar no ser humano, que talvez seja o diferencial de tudo, seja justamente esta crença inabalável na fé.
Em nossa evolução, nossos medos, advindos de nossa vasta ignorância, desenvolveram nossa fé.
Fazer Ciência também não deixa de ser um ato de fé porque sempre faltará um degrau no conhecimento para escalarmos nesta busca continua por respostas, mas, com certeza, nunca as teremos por completo.
Oi, Orsi, como só descobri ontem seu blog, começo agora a postar nos comentários. Tem mais um autor de livros de ficção que aborda a questão em duas crônicas, se não me engano (não estou com o livro à mão e não saberia dizer em quais crônicas). O livro é "As crônicas marcianas", de Ray Bradbury. Em uma delas, um padre católico busca se aproximar de uma forma de vida marciana, de maneira a levar até ela a mensagem de Deus e coisa e tal. Não dá certo porque a forma de vida já se percebe bem mais adiantada que a nossa e, gentilmente, dispensa o blablabla.
ResponderExcluirA outra é sobre um explorador do espaço que chega a Marte pouco depois de uma aparição do que ele entende como sendo Cristo. Esse conto é interessante, porque afirma que Cristo teria visitado outros planetas e que, como a vez da Terra já havia passado, os terráqueos não conseguiriam mais falar com ele (perdeu, dançou, tivesse nascido dois mil anos atrás, mané). Isso não impediu o capitão da nave partir em uma busca alucinada pelo próximo planeta onde Cristo apareceria.